A baixa adesão à campanha de vacinação contra a poliomielite preocupa as autoridades de saúde. O temor é de um possível retorno da paralisia infantil que está erradicada do Brasil desde 1989, quando o país deixou de apresentar casos da doença.
Porém, nos últimos anos, a taxa de vacinação vem caindo no país. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2015 a cobertura vacinal foi de 98,3% e desde então o Brasil não alcança a meta de vacinação que é de 95%. Em 2020, por exemplo, o índice foi de 76,2% e no ano passado de 69,9%. Atualmente, a taxa está em torno de 60%.
Em Rio Caro a situação não é diferente. O município tem baixa cobertura vacinal contra a pólio e, por isso, prorrogou a campanha de vacinação até 31 de outubro. O assunto foi tema de debate na Câmara Municipal na sessão da última segunda-feira (3). O tema foi levantado pelo vereador Vagner Baungartner (PSDB). Segundo ele, por causa da vacinação contra a Covid-19, as outras campanhas ficaram em segundo plano, principalmente contra a poliomielite.
“Quero chamar a atenção porque a gente está tendo problemas sério na campanha contra a poliomielite com baixa cobertura”, alertou o parlamentar. Segundo ele. Neste ano, até o momento, o município tem apenas 58,15% de cobertura vacinal, muito abaixo da meta de 95%, índice estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir a imunidade.
“Abaixo de 95% corre-se o risco de a doença voltar e isso é muito perigoso. Quem é mais novo, com menos de 30 anos, pouco conhece pessoas com paralisia. Quando não vê acha que a doença não existe, mas isso é muito sério”, observou Baungartner que protocolou requerimento solicitando aos órgãos competentes que ampliem a divulgação da campanha e analisem a possibilidade de realizar campanha municipal contra a pólio.
Os dados apresentados pelo vereador na sessão mostram que desde 2012 Rio Claro conseguiu atingir a meta de vacinação apenas duas vezes. Em 2012 o município registrou 96,72% de cobertura vacinal contra a pólio e em 2016, 97,01%. Nos demais anos o índice ficou abaixo da meta: 2013 (94,82%), 2014 (88,17%), 2015 (94,48%), 2016 (97,01%), 2017 (85,32%), 2018 (85,30%), 2019 (87,52%), 2020 (85,24%) e 2021 (91,63%).
A campanha contra a pólio e a a multivacinação seguem até 31 de maio nas unidades de saúde do município, exceto nos bairros Boa Vista, Guanabara e São Miguel. Os pais ou responsáveis devem levar os filhos para tomar as vacinas e protegê-los contra a pólio e outras doenças.
Brasil tem risco de reintrodução da doença
Devido aos baixos índices de vacinação contra a pólio, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou em agosto a campanha “Paralisia infantil — a ameaça está de volta”. Conforme a entidade, a pandemia de Covid-19 tornou o cenário ainda pior, visto que no ano passado 30% das crianças menores de 1 ano não foram vacinadas, 40% não receberam o reforço do primeiro ano de vida e 55% não receberam o reforço dos 4 anos. Os números são do DataSUS.
“Temos uma geração que, graças às vacinas, não sabe como a pólio é terrível. Não podemos aceitar que crianças deixem de andar ou até mesmo sejam obrigadas a passar a vida com auxílio respiratório por causa de uma doença prevenível. Podemos ter que enfrentar uma tragédia em breve, mas ainda há tempo de evitá-la”, afirma Juarez Cunha, presidente da entidade.
O risco existe já que o vírus circula em outros países, com dois casos identificados recentemente nos Estados Unidos e Israel. Segundo a SBIm, “atualmente, a pólio circula de forma endêmica apenas no Afeganistão e no Paquistão, mas 28 países apresentam surtos e outros sete são considerados de risco pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
Em pronunciamento nesta quarta-feira (5), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, apelou aos pais: “Levem seus filhos às salas de vacinação”, disse o ministro, ressaltando que o Brasil está com alto risco de reintrodução do vírus. Vale lembrar que a poliomielite não tem cura e a única forma de prevenção possível para a doença é a vacinação.
Por Redação DRC