O primeiro caso de poliomielite selvagem no continente africano em mais de cinco anos deve servir de alerta para países com baixas coberturas vacinais contra a doença, como o Brasil. A avaliação é do presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, que pede mais campanhas que reforcem a confiança nos imunizantes e lembrem as famílias de cumprir o calendário de vacinação das crianças.
“O recado que fica é de alerta pelo risco que a gente está correndo em decorrência das baixas coberturas vacinais”, afirma Cunha. “Os números expõem essa vulnerabilidade. De cada dez crianças, três não estão vacinadas. É risco de uma situação totalmente evitável.” A circulação da poliomielite selvagem no mundo foi limitada pelo sucesso da vacinação contra a doença, que hoje só é endêmica no Paquistão e no Afeganistão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas cinco casos foram registrados em todo o mundo em 2021.
No último dia 17, porém, autoridades sanitárias do Malawi notificaram o primeiro caso selvagem de pólio na África em mais de cinco anos e declararam surto do poliovírus tipo 1. A poliomielite foi declarada erradicada do Brasil em 1994, também pelo sucesso da campanha de vacinação. Apesar disso, desde 2015, o país não tem conseguido mais atingir a meta de 95% do público-alvo.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil