No final da tarde de ontem (4), a Polícia Civil informou que segue com os trabalhos para esclarecer o que ocorreu na madrugada de domingo (2), no bairro Jardim Panorama, onde uma ação da GCM terminou com a morte da jovem, de 19 anos, Gabrielli Mendes da Silva. Ela foi alvejada por disparo de arma de fogo por um guarda municipal de Rio Claro. “As investigações prosseguem e quando tivermos fatos novos e relevantes prestaremos oportunas informações”, declarou ao Diário do Rio Claro o delegado Aroldo Cezário Diniz.
Gabrielli Mendes da Silva, moradora do bairro Mãe Preta, morreu após ser alvejada por disparo de arma de fogo, na madrugada de domingo (2) por volta de 00h05, durante uma ação da Guarda Municipal, no bairro Jardim Panorama.
No domingo (2), a Polícia Civil comunicou que o guarda foi detido por homicídio culposo em razão do disparo de arma de fogo em via pública que atingiu a jovem e um outro rapaz de 29 anos. Foi arbitrada uma fiança de R$ 5 mil que foi paga e o guarda liberado.
A Polícia Civil, por meio de nota, esclareceu também que o auto de prisão lavrado já foi encaminhado para a justiça pelo poder judiciário e para o Ministério Público.
A Polícia Civil solicita que aqueles que possuírem informações ou dados que, de qualquer forma, possam contribuir para a completa apuração dos fatos, que procurem a Central de Polícia Judiciária, na Rua 12 com Avenida da Saudade, para noticiarem ao delegado de polícia responsável pela conclusão das investigações. O compromisso da Polícia Civil é apurar por completo os fatos ocorridos de forma que a Lei Penal possa ser aplicada nos exatos termos correspondentes, destacou em comunicado.
Conforme o registro da ocorrência, foi informado que a Guarda Municipal tinha tomado conhecimento de que na Rua 25 com a Avenida 60 estava ocorrendo grande aglomeração de pessoas, automóveis e motocicletas com som em alto volume, barulhos de motocicletas que também eram empinadas por seus condutores gerando reclamação de moradores junto a central da Guarda, aliado ao fato da obrigatoriedade de isolamento social em razão da pandemia. De acordo com o depoimento de representante da guarda, um grupo de cerca de quarenta pessoas ameaçou enfrentamento aos Guardas começando a quebrar garrafas e apoderar-se de pedras para esse confronto, no momento em que o GCM, na tentativa de alimentar seu armamento com munição de borracha, acabou por dispará-la acidentalmente atingindo a primeira vítima que integrava aquele grupo de cerca de quarenta pessoas a uma distância de trinta a quarenta metros do local do disparo.
Guarda Civil Municipal emite nota sobre o caso
No começo da tarde de domingo (2), a Secretaria de Segurança Pública por meio da Guarda Municipal se manifestou por nota oficial. “A respeito da ocorrência atendida pela GCM, lamentamos muito essa fatalidade. O fato será apurado pela Polícia Civil e julgado pelo Judiciário. Na corporação, será instaurado Inquérito Administrativo para apurar a conduta técnica do GCM com relação ao emprego dos procedimentos operacionais. Não podemos, nem devemos fazer julgamentos precipitados. Até que as investigações terminem, o GCM está afastado das atividades operacionais. O que estiver de acordo com a Lei, será cumprido. A Secretaria Municipal de Segurança lamenta profundamente o ocorrido, se solidariza com familiares e amigos das vítimas e se coloca à disposição. A Secretaria de Segurança lembra ainda que a Guarda Civil Municipal vem prestando excelente trabalho de reforço na segurança pública no município e que a ocorrência foi um fato isolado.”
Ainda no domingo, a sede da Guarda Municipal foi alvo de manifestantes que depredaram a fachada do local e quebraram cavaletes que interditavam o local. Um GCM ficou ferido no braço e precisou levar pontos. O caso também é investigado.
Morte de jovem causa revolta
A morte da jovem comoveu e causou revolta. A família espera por justiça. “Me arrancaram pedaços. Fizeram vaquinha para soltar o GM, mas não fizeram para ajudar minha família. Nos ajude a clamar por justiça. O GM errou e deve pagar por isso, afinal, tirou a vida de uma jovem inocente, sim. A família não pede mais morte e sim Justiça. Não culpem minha sobrinha Gabi. Respeitem a memória dela. E nosso luto. Em especial meu irmão e minha cunhada”, desabafou Celena Silva, uma das tias da jovem.
A ação no local também foi questionada. “Primeiro era festa em chácara, depois festa clandestina, baile funk. As pessoas estavam na rua, como sempre ficam, muitos jovens moram aqui, estão sempre juntos. Sou nascido, criado e moro no Jardim Panorama. A Rua 25 sempre foi movimentada. Não houve baile funk, nunca teve baile funk. A periferia pede paz”, disse um morador do bairro.
Segundo a família, a jovem havia saído da casa da tia que mora no Jardim Panorama e iria acionar um motorista de aplicativo para ir embora. “O movimento era na rua, ela ia pegar o Uber na esquina devido ao movimento. Óbvio que ela tem amigos e amigas lá. Quer dizer então que eu com minha arma legal, esteja manipulando e de repente pega o tiro num GCM, e mata, eu vou a delegacia presto depoimento que foi acidental, pago fiança e pronto, resolvido? A família irá até o final, pra ver a justiça. Minha família está de luto por esta tragédia que atingiu a todos nós. Minha sobrinha se foi e nossos corações estão transbordando de tristeza. Era uma menina linda, inteligente e tão jovem. Não consigo entender porque tinha que ser ela. Que a força de Deus esteja conosco neste momento difícil e que nossa fé possa guiar o caminho. Perde a terra e ganha o céu, nós perdemos uma alma doce. Espero que vocês possam ver a tristeza que nos atinge agora. Muitos são os julgamentos dos fatos, a verdade Deus e a família sabem, e a justiça divina não falha. Iremos morrer de saudades, porém, hoje a saudades já não nos serve mais. Seja luz. Essa é a frase que nosso anjo sempre usava”, mencionou o tio Lupercio Silva ao homenagear a sobrinha.
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