O assunto veio à tona em reportagem do Diário do Rio Claro na edição da última sexta-feira (27), quando trouxemos a indignação de moradores das proximidades onde os chamados ‘Combate de Pipa’ são realizados.
O encontro realizado do fim de semana já estava programado e divulgado nas redes sociais. O local escolhido foi um terreno na Avenida M-59, no Jardim das Flores, chamada pelos organizadores como “pasto da 59”. O campeonato foi realizado no domingo (29) com horário de início às 8 horas da manhã. Nas redes sociais mais de 600 pessoas confirmaram presença.
O evento, considerado clandestino e irregular, tem gerado inúmeras reclamações e transtornos, como relatados na edição de sexta-feira (27) do Diário do Rio Claro. Desta vez, não foi diferente e a Polícia Militar precisou agir no local por volta das 20 horas. Após receberem solicitação, policiais foram até o local e constataram a desordem por parte de alguns participantes que ainda estavam no local. Foi necessário utilizar uma ação de Controle de Distúrbio Civil. Segundo a PM, houve a necessidade do uso de munição química para dispensar os indivíduos e estabilizar a ordem no local.
Moradores que sofrem com a situação procuraram novamente o Diário do Rio Claro. Com receio preferem não se identificar, mas afirmaram que durante o dia teve muita bagunça. “Foi muito difícil, você vê de tudo, bebidas, drogas, som alto, até urinam próximo às casas”, disse um morador da região que presenciou alguns dos fatos.
Outra moradora alertou sobre os riscos. “Eu precisava sair de casa mas evitei porque chegou uma certa hora que estavam fazendo até rachas. E sem contar no perigo com as linhas cortantes que são utilizadas. Eles sobem no telhado das casas para pegar as pipas e quebram telhas é muito perigoso”, afirmou.
A Polícia Militar declarou ainda que um Boletim de Ocorrência denominado de ‘Pancadão’ foi registrado. “Informamos que a Polícia Militar não é a responsável pela concessão de liberações e/ou impedimentos para realização de eventos. Nos casos em que os eventos atendam os requisitos legais, a Polícia Militar quando solicitada, antecipadamente, realiza o policiamento preventivo nas imediações do local. Nos demais casos atende às solicitações realizadas emergencialmente através do telefone 190”, informou por meio de nota.
A Guarda Municipal informou que foi até o local e verificou aglomeração maior do que se previa. Diante disso, para que a situação não fugisse do controle, recebeu apoio da Polícia Militar para a ação.
“Foi definido que o foco de atuação seria a verificação de veículos com som alto, motos realizando malabarismos e até possível tráfico de drogas. A operação de domingo teve como resultado o recolhimento ao Pátio do Guincho São Lucas de vários carros e motos irregulares, além do restabelecimento da ordem pública. Articulação da Guarda Municipal com a Polícia Militar está sendo feita para traçar a melhor estratégia de ação em situações como essa”, informou através de nota a GCM.
A Guarda explica também que pessoas podem se reunir para soltar pipas desde que não impeçam o fluxo de veículos e pedestres em vias públicas e que, em áreas particulares, tenham permissão do proprietário. Porém, em alguns bairros a informação é que áreas particulares são utilizadas sem nenhuma autorização.
Vale destacar que, o uso de linhas cortantes é considerado crime. A Guarda alerta ainda para que não se empine pipas nas proximidades de cabeamento de energia elétrica e, claro, jamais usar cerol, produto proibido que põe em risco a vida de motociclistas, ciclistas e pedestres. As atividades ilícitas como utilização de cerol, rachas e uso de entorpecentes são coibidos pela Guarda Civil independentemente de serem feitos em combates de pipas, e quem verificar ações do tipo deve acionar a Polícia Militar ou a Guarda Civil.
Em resposta ao Diário foi afirmado que a Guarda Civil Municipal de Rio Claro está trabalhando no sentido de coibir esses combates de pipas nos quais se utilizam linhas com cerol.
COMBATE
Os encontros intitulados “Combate de Pipa” acontecem com frequência em Rio Claro e são marcados pela internet. É por meio das redes sociais que a situação relatada por moradores também pode ser conferida, por vídeos feitos pelos próprios organizadores. Diversas pessoas se reúnem levando até mesmo crianças de colo para os locais escolhidos. Muitos pontos são dentro da cidade onde existem postes com fiação elétrica e de telefonia, mesmo assim o céu fica tomado por pipas onde os participantes iniciam o tal combate, que consiste em cortar e derrubar a pipa um do outro. Para isso utilizam linhas com cerol e chilena.