O Governo do Estado de São Paulo, diante da pandemia da Covid-19, tem recomendado o isolamento social para que as pessoas possam permanecer saudáveis. E a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, entre várias outras ações, tem se preocupado em reforçar que neste período não falte o abastecimento e os alimentos necessários cheguem até aos consumidores.
A outra preocupação da Secretaria é com quem produz para que possa sobreviver com dignidade e renda para manter sua atividade. Mas, sem nenhum espírito de concorrência, também é bastante saudável que as pessoas possam utilizar o seu tempo em família e montar uma horta própria, a qual pode ser instalada em um pequeno espaço, como ensina o engenheiro agrônomo da Divisão de Extensão Rural da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), Osmar Mosca Diz. Confira:
“O cultivo de hortaliças, hoje em dia, vem ganhando cada vez mais a atenção e a adesão das pessoas que buscam a satisfação de cultivar e colher o seu próprio alimento, contribuindo assim para um estilo de vida mais saudável. Muito versátil, a horticultura pode ser praticada, desde o plantio em pequenos vasos, jardineiras e canteiros de uma casa (ou até mesmo de um apartamento) até em escala comercial, no âmbito de uma propriedade rural.
O primeiro passo no cultivo de hortaliças é preparar bem a terra, de maneira que ela se mantenha bem arejada, adubada, com bom teor de matéria orgânica, descompactada, em grumos soltos e fáceis de revolver. Para a adubação da terra, em nível doméstico, pode-se utilizar farinha de casca de ovos (pode ser feita em casa, moendo a casca de ovo seca), farinha de ossos, torta de mamona, fosfato natural de rocha (que podem ser adquiridos em lojas agropecuárias), húmus de minhoca, cinzas de fogão ou forno à lenha, calcário, pó de conchas e composto orgânico, entre outros insumos de origem natural.
No caso de cultivo em canteiros, é necessário também que a superfície de cultivo esteja nivelada para não escorrerem as águas da chuva e das regas. Isso tudo promoverá uma boa germinação das sementes e um crescimento satisfatório das plantas, tendo em vista um bom desenvolvimento de suas raízes.
Com o terreno pronto, é hora de pensar em semear ou então transplantar as mudas de hortaliças, as quais poderão ser produzidas em bandejas de isopor, em embalagens plásticas, embalagens reaproveitáveis de sucos (néctares) e de leite (entre outras), ou até mesmo no próprio canteiro, numa pequena área reservada, que será a sementeira, cuja função é oferecer às sementes as condições necessárias para a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas.
As plântulas (plantas recém-germinadas), cultivadas na sementeira por algumas semanas, serão posteriormente transplantadas para o local de cultivo definitivo, de acordo com as recomendações (porte e espaçamento) para cada espécie.
Hora de transplantar para o canteiro
O transplante das mudas se dá, em geral, quando apresentarem (no caso de alfaces, almeirão, chicória e até mesmo couves) em torno de três a quatro folhas definitivas (sem contar aquelas duas primeiras que nascem, uma de cada lado). No caso de tomates, pimentões e berinjelas, o transplante será feito quando as plantas estiverem com aproximadamente 15 a 20cm de altura (no máximo).
Deve-se dar preferência para o transplante das mudas em dias nublados, antes ou logo após uma garoa. Caso tenha que ser feita essa operação num dia ensolarado, dar preferência para o final da tarde ou início da manhã (bem cedo), evitando-se os horários mais quentes do dia.
Tanto a bandeja quanto o canteiro onde as mudas serão transplantadas deverão ser bem molhados antes do transplante das mudas. Molhar a bandeja facilita a remoção das mudas e molhar a terra no canteiro favorece o pegamento delas. Terminado o transplante, molhar novamente e cobrir o terreno com palha, deixando-se expostas apenas as folhas das hortaliças.
A palha irá manter o solo mais úmido, mas assim mesmo se recomenda molhar a terra durante toda a primeira semana após o transplante das mudas, caso não chova. Molhar com pouca água, somente na pequena área ocupada pela muda. Quando as mudinhas estão bem novas, suas raízes ocupam uma pequena porção de terra, então seria um desperdício de água molhar todo o canteiro, com mangueira, nessa fase. Use o regador, de preferência!
No caso da sementeira, deve-se molhá-la imediatamente antes do transplante e retirar as mudas com muito cuidado, com a ajuda de uma pazinha de mão, procurando levar a muda para o canteiro com o máximo de terra possível junto à raiz.
O espaçamento aproximado recomendável para as hortaliças folhosas (alfaces, almeirão, chicória etc.) é de 25 a 30cm entre plantas. A partir das bordas do canteiro até a primeira mudinha, deixar metade desse espaçamento. No caso de tomates, pepinos, berinjelas e couves (couve de folha, brócolis, couve flor e repolho), recomenda-se um espaço de 80cm entre cada planta.
Tanto a cenoura quanto o rabanete não aceitam o transplante, por isso devem ser semeados diretamente no canteiro, distribuindo-se as sementes em sulcos transversais de aproximadamente 2cm de profundidade, distanciados uns dos outros de 20 a 25cm.
As sementes são assim distribuídas com parcimônia ao longo do sulco e depois cobertas com uma camada de terra fina peneirada (sem torrões). A beterraba e a rúcula aceitam ser transplantadas (podendo ser semeados em sementeiras ou bandejas), mas vão muito bem também na semeadura direta, como recomendado para cenoura e rabanete”.
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