As pessoas com mais de 40 anos recordam da situação do país antes do Plano Real. A hiperinflação castigava a população de forma geral e os empresários precisavam dominar, além da atividade fim, economia e finanças.
Clóvis Delboni, gerente Executivo da Associação Comercial e Industrial de Rio Claro, conta que no fim dos anos 80, início dos 90, os trabalhadores recebiam no dia 10 [quando era efetuado o pagamento no período] e já faziam enormes filas nos supermercados para suprir suas necessidades de alimentação, já que os preços mudavam da noite para o dia.
“Antes do Plano Real ser implantado, a economia brasileira enfrentava hiperinflação. Muitos empresários foram super bem sucedidos e outros quebraram”, relata sobre o período.
CRIAÇÃO
O Plano Real se desenvolveu em três fases em 1993 e teve como figura chave o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB), na época Ministro da Fazenda. “A entrada em circulação do real em 1º de julho de 1994 mudou o cenário de uma inflação que, no acumulado em doze meses, chegou a 4.922% em junho de 1994, às vésperas do lançamento da nova moeda”, descreve o portal do Banco Central.
Vale destacar que a inflação que finalizou 1994, com 916%, caiu para 22% em 1995.
Desde então, mesmo com as diversas crises internas e externas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 9% em poucas ocasiões.
O ex-presidente Fernando Henrique, que articulou todo o plano no governo Itamar Franco, destacou em nota à imprensa sobre os 25 anos da iniciativa: “Sem muita explicação, verbo, liderança e apoio da mídia não se consegue o principal, que é convencer, ou seja, vencer junto tanto com as cúpulas político-tecnocráticas como, principalmente, junto com o povo”.
TRANSIÇÃO
Antes da implantação do Real, como moeda definita do país, houve o que se definiu como a transição denominada Unidade Real de Valor (URV). Ela começou a valer no dia 1º de março de 1994 e foi intermediária entre o Cruzeiro Real e o Real. Vale destacar que cada R$ 1 real (ou URV 1) equivalia a CR$ 2.750.
PERCEPÇÃO
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Rio Claro (Acirc), Antônio Carlos Beltrame, o Secreta, a então nova moeda provocou grande transformação. “Antes, não se tinha noção de como era trabalhar com ‘moeda forte’. Percebeu-se que o consumidor compreendeu que o dinheiro não perdia o valor do dia para a noite. Logo, ele começou a comprar melhor, não mais em quantidade, mas em qualidade. Essa foi uma das percepções com a chegada do Real”, disse à reportagem.
Para o cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Augusto Prando, o Brasil não seria, hoje, o que é sem o Plano Real. “O controle da hiperinflação, diretamente e indiretamente, a estabilidade econômica e os elementos atinentes à reforma do Estado e à Lei de Responsabilidade Fiscal são frutos do plano econômico que teve na figura de Fernando Henrique Cardoso e outros aquilatados economistas seus principais atores”, reforça.
MOEDAS
Desde a independência, o Brasil já teve nove moedas. Foram elas: o Réis (século 19), Cruzeiro (anos 40), Cruzeiro Novo (anos 60), Cruzeiro (anos 70), Cruzado (anos 80), Cruzado Novo (anos 80), Cruzeiro (anos 90), Cruzeiro Real (anos 90) e, finalmente, o Real.