Em épocas de férias escolares, é só olhar para o céu e lá estão elas: as pipas, que dão um colorido todo especial à paisagem. O singelo brinquedo feito com armação de bambu e papel, e puxado por uma linha, encanta crianças e adultos do mundo inteiro há milhares de anos.
Porém, dependendo do local onde reside, ela pode mudar de nome: pipa, papagaio, peixinho, arraia, morcego, curica, pepeta, capucheta, cometa e coruja são algumas das nomenclaturas utilizadas. Não importa como elas são chamadas, o fato é que elas atraem pessoas de todas as idades no mundo inteiro desde o seu surgimento por volta de 1.200 a.C na China. No Brasil, elas chegaram em 1596 com os portugueses durante a colonização e, desde então, formou uma legião de apaixonados.
Tanta devoção fez com que as pipas ganhassem um dia próprio. Hoje, 14 de janeiro, é comemorado o Dia Internacional da Pipa. Isso significa que pessoas do mundo todo cultuam o brinquedo nesse dia, cada um elegendo a forma de demonstrar o seu amor. Comemorado desde 1989, o Dia Internacional da Pipa surgiu na Índia, no estado de Gujarat, famoso pela quantidade de festivais que acontecem todos os anos.
Mas as pipas não proporcionam apenas diversão. Tem gente que tem tanta paixão pelas pipas que faz delas sua profissão. É o caso de Divaldo Aparecido Mesquita Augusto, que tem uma loja de produção e comercialização de pipas na Rua 18 no Jardim Terra Nova, a Dil Pipas (Dil Augusto – @dilpipas).
A paixão de menino virou um negócio de gente grande em 2012. “Sempre gostei de soltar pipas, então resolvi abrir a loja”, conta Dil. Segundo ele, o comércio atrai clientes de todas as idades. “Antes era mais criança que comprava, agora vendo para todas as idades”, comenta.
A produção também está mais sofisticada. Hoje, confeccionar uma pipa vai muito além de unir a vareta de bambu e papel. É possível fazer pipas personalizadas e de tamanhos variados, desde as pequenas até as gigantes de cinco metros de altura e três de largura. A estampa depende do gosto do cliente. Dil conta que as pipas de personagens têm grande saída, mas você pode estampar o seu artista favorito, time de futebol, animal de estimação, ou até mesmo a “cara” do seu amor ou a sua.
Não importa a figura, ela pode ser estampada na pipa, desde as menores até as de tamanho mais extravagantes. Aliás, Dil fez uma pipa para homenagear sua esposa, Selma Barros, com 2,1 metros de altura e um de largura. Para formar o rosto dela, ele colou quadradinho por quadradinho de um centímetro, tudo manual como se fosse um quebra-cabeças que você tem que encaixar a peça certa. A confecção demorou quatro dias. “Quanto maior o tamanho da pipa e menor os quadradinhos, fica mais nítido para visualizar a figura”, esclarece.
Dil tem uma linha de produção própria de “raia” ou “peixinho”, que vende para atacado e varejo em Rio Claro e outras cidades. A procura é grande. São cerca de 3.000 a 4.000 vendas por mês, mas já chegou a 15 mil em épocas anteriores quando Dil precisou contratar ajudante para dar conta da demanda.
As raias são sua especialidade, mas nem por isso os demais modelos são esquecidos. A loja tem pipas de modelos mais simples até os mais sofisticados, de plástico celofane e desenhos. Os preços partem de R$ 1,00 e variam conforme o modelo, tamanho, estampa etc.
Porém, nesse caso, as pipas não são de fabricação própria, visto que como Dil trabalha sozinho não consegue produzir pipas e raias para suprir a demanda. Assim, ele compra as pipas de um colega, numa espécie de permuta, já que vende raias a ele. “Eu fazia pipa também, mas não dá tempo. Ou você faz as pipas ou as raias, e decidi priorizar as raias”, explica Dil.
Por Ednéia Silva / Foto: Divulgação