O Dia Mundial da Água é celebrado na próxima terça-feira (22), sendo um momento para ressaltarmos a importância da valorização desse bem tão precioso. O Daae (Departamento Autônomo de Água e Esgoto) de Rio Claro, responsável por abastecer a cidade com água tratada de qualidade, apresenta informações relevantes sobre o abastecimento público em Rio Claro.
O superintendente da autarquia, Osmar Junior, conversou com o Diário do Rio Claro e ressalta a importância da valorização da água, diretamente relacionada com a urgente e necessária mudança de hábitos da sociedade para tornar comum e rotineiro o uso consciente e sem desperdícios da água.
Diário do Rio Claro: Rio Claro é uma das poucas cidades da região que apresenta índices de qualidade na água, como informa o estudo da Ong Repórter Brasil. A que se deve esse diferencial?
Osmar Junior: Rio Claro é abastecido por mananciais superficiais, sendo o Ribeirão Claro, cuja água bruta captada é feita pela Estação de Tratamento de Água (ETA 1), que fica no bairro Cidade Nova e abastece 40% de Rio Claro; e o rio Corumbataí, com água captada pela ETA 2, que fica na estrada que liga o Distrito Industrial ao Distrito de Ajapi e é responsável pelos outros 60% do abastecimento do município.
O que garante a qualidade da água distribuída no município é a eficiência do tratamento de água, somado ao trabalho de grande relevância executado incansavelmente pelos servidores da autarquia, todos os dias da semana, 24 horas por dia, com o propósito de levar água de qualidade para toda a cidade.
Além do tratamento da água, o Daae realiza minucioso trabalho para assegurar a qualidade da água distribuída no município com inúmeras análises feitas todos os dias, nos laboratórios da autarquia.
Diário do Rio Claro: Há previsão de que Rio Claro venha a enfrentar problemas com o abastecimento?
Osmar: O acompanhamento dos dados climatológicos e monitoramento do comportamento hídrico dos nossos mananciais mostram que as chuvas ocorreram abaixo do esperado para o primeiro trimestre de 2022.
Os dados preocupam, já que nos últimos quatro anos também foram registradas menos chuvas. O abastecimento em todo o Brasil passará por problemas de disponibilidade hídrica, sendo um problema não só de Rio Claro, mas de inúmeras cidades.
A última estiagem foi considerada por especialistas como a pior crise hídrica dos últimos 90 anos e como os nossos mananciais necessitam de chuvas para serem recarregados, estamos observando mudanças significativas nos nossos rios, que vem diminuindo sua quantidade de água desde a crise hídrica de 2014.
Os volumes dos nossos mananciais ainda são suficientes para o abastecimento, mas estamos sempre em alerta, já que poderemos passar por momentos de escassez e sermos obrigados a racionar água não só em Rio Claro, mas também em outras inúmeras cidades. Essa realidade, infelizmente é observada em muitos municípios paulistas, onde, em situação nunca vista antes, vários foram obrigados a fazer racionamento neste verão, em pleno período chuvoso.
Por um lado, o Daae depende exclusivamente da disponibilidade da água nos rios, do outro, somos nós, os consumidores, quem deveremos estabelecer novos hábitos de consumo imediatamente, minimizando os impactos de uma possível falta de água no futuro.
Diário do Rio Claro: O Daae vem realizando ações para combater o desabastecimento?
Osmar: O Daae está sempre atento, preocupado e focado nas questões de escassez hídrica e neste mês de março criou um grupo de trabalho responsável pela elaboração do plano de estiagem e racionamento de água no município. Essa comissão é formada por profissionais do Daae, altamente qualificados e que conhecem o sistema para elaborar esse plano que vai estabelecer regras e servir de guia em caso de colapso no abastecimento por conta da crise hídrica que assola não só o Brasil, mas o mundo todo.
O Daae tem vários planejamentos para Rio Claro, dentre eles, a construção de uma nova ETA, trazendo mais eficiência e economia, além de aumentar a disponibilidade hídrica para o abastecimento.
Como dependemos das chuvas para recarregar nossos mananciais, devemos valorizar a água e começar a ter uma relação de consumo mais consciente para minimizarmos os impactos que uma eventual falta d’água poderá trazer para todos.
A água é um recurso natural extremamente valioso, porém, finito. Por isso, precisamos mudar nossa consciência, estabelecendo novos hábitos, valorizando a água como realmente merece ser valorizada.
Nenhum esforço será suficiente se não iniciarmos agora uma mudança em nossos hábitos. Praticar o uso consciente não significa deixar de usar a água, mas repensar as suas formas de uso. Evitar desperdícios e reduzir o consumo sempre que possível são atitudes que poupam água potável do planeta e ajudam a preservar os mananciais.
Por Vivian Guilherme / Foto: Divulgação