Artista visual com pesquisa em artes plásticas, cinema e fotografia, Renê Mainardi é um ser sempre em mutação buscando caminhos que o levem à arte.
Aos 39 anos, é graduado em Comunicação Social/Rádio e TV e em Artes Plásticas. Especialista em Cinema Documentário pelo Escuela Internacional de Cine y TV (EICTV) de San Antonio em Cuba. Estudou Gestão Cultural no Centro de Pesquisa e Formação, concluiu pós-graduação em Arte e Educação e em Gestão e Políticas Culturais pela Universidad de Girona, na Espanha.
Além de diversas exposições, residências artísticas, Festivais em diversos cantos do Brasil e do Mundo, como Gestor teve a oportunidade em trabalhar para diversas Instituições de renome em atividades culturais no Brasil e também por poder ter contribuído com sua formação e experiência por quatro anos junto a Secretaria de Cultura de Rio Claro. Hoje, o entrevistado da semana fala um pouco sobre cultura e política. Aperte o REC!
Como a cultura surgiu na vida de Renê?
“O desejo surge a partir do momento em que começo a entender relações entre a arte e a cultura em poder contribuir na reflexão de transformação do indivíduo e assim correlativamente da sociedade mesmo que subjetivamente. Sempre tive uma relação próxima com a arte devido ao oficio de artista e a partir disso me interessei a estudar e me arriscar em projetos de Curadoria e Gestão Cultural e acabei me dedicando as duas coisas, a meu trabalho como artista e como gestor.”
Seriedade no trabalho com a cultura faz a diferença?
“Acredito que amor ao que faço, dedicação e seriedade no trabalho. Arte e Cultura são caminhos pedregosos e ao artista e ao gestor cultural muitas vezes falta seriedade por pensar que a arte é um oficio mais livre, mais independente. Não acredito nisso, acredito nessa uma profissão como as outras e busco cada dia mais me aprimorar em busca de novos meios de conhecimento, pesquisa e informação, com isso o reconhecimento vem aparecendo. Acredito ser um profissional da arte e da cultura como qualquer outro de outras áreas do conhecimento mesmo que a arte trabalhe campos mais simbólicos e provocativos.”
Está com algum trabalho em andamento?
“Como artista estou com um projeto de arte contemporânea com a artista Mexicana Ruth Vigueras Bravo, finalizando um trabalho de pesquisa fotográfica que fiz recentemente na Argentina e preparando algumas obras para alguns convites exposições que recebi. Também estou preparando um livro com trabalhos de fotografia a ser lançado em breve. Para o ano que vem recebi um convite para uma residência artística no Uruguay e estou amadurecendo essa proposta junto aos artistas que me convidaram. Como gestor estou trabalhando na produção da Mostra de Fotografia Útero, ainda sem data definida a mostra é direcionada a fotografas mulheres com convidadas de diversos lugares do mundo. Também estou trabalhando na curadoria do Concurso Fotográfico Rio Claro Revela Sua História. Também trabalho como educador na Rede Municipal de Ensino e na Faculdade de Arquitetura da Asser.”
E a cultura, politicamente falando, vai bem?
“Vejo boas intenções da atual gestão da Secretaria de Cultura do município, mas certamente enfrenta muitos problemas nas questões orçamentárias. Infelizmente, cultura não é prioridade aos gestores públicos, seja na esfera Municipal, Estadual ou Federal. Outro problema crônico que afeta muito a Cultura em todas as esferas é o fato da mesma, muitas vezes, ser tratada como moeda de troca entre acordos políticos, não a tratam com respeito como deveriam e assim a pasta é ocupada, muitas vezes, por pseudo gestores que não têm uma linha sequer de currículo para ocupar tal tarefa. Sendo assim, caminha-se à margem nas questões que poderiam avançar, prejudicando artistas, grupos culturais e, principalmente, a população em tais políticas públicas. Na Cultura Nacional estamos indo de mal a pior, falta de compromisso e descaso total.”
Você sempre foi bastante engajado politicamente, desde muito jovem, e a juventude de hoje como vê essa politização?
“Se juntássemos a politização da Juventude dos anos 1990 com a criatividade da atual daríamos um passo enorme à frente. Vejo lado positivo nas novas tecnologias, porém algo muito negativo, pois pensam que através das redes sociais acham que sabem muito, mas na verdade é um saber superficial, uma opinião efêmera, reproduzida. A geração de 1990 não teve acesso a isso.”
E o momento político atual?
“Politicamente Caótico, sociedade em desespero em meio a política do Panis (necessário para sobreviver) et Circenses (trocaram os palhaços e gladiadores por aparelhos de telefonia móvel conectados as redes sociais).”
CARA A CARA
RIO CLARO: Na política: Egos se esmagam. Na arte: Talentos trasbordam
CULTURA: é regra, arte é exceção! (Godard)
INESQUECÍVEL: Nascimento da minha filha Lorena
PARA ESQUECER: antes fosse fácil assim (risos)
SAUDADE: Do meu pai
EXPECTATIVA: Que a gestão pública tenha um melhor cuidado com a arte e a cultura
UM LUGAR: Todos, qualquer um oferece a possibilidade em conhecer algo novo, seja a cidade vizinha, seja qualquer lugar em outro continente
UM MOMENTO: todos que proporcionam felicidade ao lado das pessoas que amo
UM ÍDOLO: Pra que tê-los? Mas como temos, o meu carrego tatuado nas costas em segredo
UM SONHO POSSÍVEL: As utopias
UM SONHO IMPOSSÍVEL: Outras utopias
UMA FRASE: É na Arte que o homem se ultrapassa definitivamente (Simone de Beavoir)
UM LIVRO: Os de Arte, mas indico um infantil maravilhoso “A Árvore Vermelha”, de Shaun Tan.
UMA MÚSICA: Pra não limitar vou parafrasear Maria Bethânia: Música é Perfume…
UM QUADRO: Todos que nos digam algo. “Qual o propósito de uma arte cujo exercício não me transforma? Paul Valéry
UMA PALAVRA QUE O DEFINA: Liberdade
PINGA FOGO
MUDARIA DE CALÇADA AO CRUZAR COM: uma pedra no caminho
MAL MAIOR: A injustiça social e a intolerância
NÃO MERECE O MEU RESPEITO: Os corruptos
A POLÍTICA É: Egocêntrica, infelizmente. Mas quem sabe um dia os meninos e o povo no poder.
NÃO SIMPATIZO, MAS RESPEITO: A indústria cultural
NÃO RESPEITO, MAS SIMPATIZO: Alguns movimentos de opiniões fundamentalistas
Por Vivian Guilherme