Nascido em Piracicaba, o apresentador de TV Paulo Leoni é um ícone na região e mantém uma estreita relação com a cidade de Rio Claro, já que passou boa parte de sua juventude morando no município.
Foi na Cidade Azul, nas páginas do Diário do Rio Claro, que esboçou os primeiros textos e ajudou a transformar o colunismo social regional. Com passagens em grandes veículos de comunicação como Notícias Populares, Diário Popular, Rede TV!, ele ingressou no Centenário em 1978 e permaneceu até 1979. Teve reconhecimento no interior paulista com seus programas na TVB Campinas e na TV Tathi-Machete. Atualmente, apresenta o programa Tendências e Atualidades, na Band, e é colunista da rádio CBN.
Dono de um carisma muito especial, o apresentador fez uma imersão no passado e relembrou diversas histórias de sua juventude em Rio Claro, em entrevista para a nova equipe de jornalistas do Centenário. Ruas, nomes, amigos e causos divertidíssimos nortearam o bate-papo que teve acompanhamento de um bom Scotch, nos moldes que o glamour do colunismo social e o bom jornalismo exigem.
Há 27 anos no ar e com centenas de entrevistas com grandes artistas e empresários brasileiros no currículo, Leoni trabalhou também em Rio Claro nas rádios Cultura e Clube FM. Sua primeira sessão no Diário foi dentro da coluna de Silvinho Star e recebeu o nome de “Rapidinhas da Baby”. Em seguida, assinou coluna em parceria com José Afonso Baldissera. O nome da coluna, que apresentava o comércio local, tinha o nome “José Afonso e Paulo Leoni Vão às Compras”. E era um sucesso, tanto do ponto de vista comercial, quanto editorialmente.
Depois de sua passagem pelo Número 1, ingressou no curso de jornalismo e prosseguiu a carreira se tornando referência. “Em 1979, precisava ter o registro de jornalista, mas ainda não havia terminado o curso. Como eu tinha matérias no Diário, consegui o MTB no mesmo ano devido a esse meu trabalho”, recorda com carinho. Faceta incrível do apresentador é seu conhecimento enciclopédico sobre a história da televisão brasileira. Paixão que fica evidente quando comenta sobre os grandes nomes que ajudaram a construir o formato televisivo.
Aos 62 anos de idade, Leoni segue a vida com vigo e anuncia que novidades virão em sua carreira (nós já sabemos, mas ainda é em off).
Ao final da entrevista, nas novas instalações do periódico, sentenciou: “aceitei a entrevista e vim por gratidão ao Diário”. Confira trechos:
Diário do Rio Claro: qual foi sua primeira coluna no Diário do Rio Claro?
Paulo Leoni: o Silvinho Star escrevia uma coluna sobre boate no Diário, porque ele era Disc Jockey (DJ). Então, criamos uma sessão de fofocas sem identificar o autor dentro da coluna dele. Minha mãe comprava a Revista do Rádio e existia a coluna Mexericos da Candinha, que depois descobri em uma entrevista com a Martinha, da Jovem Guarda, que era a mãe dela quem fazia. A partir desta ideia, nós criamos a “Rapidinhas da Baby”. Era uma coluna de duas colunas por dez, dentro da página do Silvinho Star.
Não era o que o Marcus Vinicius fazia, que era um colunismo mais sério. Eu escrevia essa coluna e ela saía todos os domingos. Funcionava assim: eu pegava um cara conhecido na cidade e contava com quem ele estava saindo, aquelas coisas da época. E isso funcionava porque todo mundo queria saber quem era a Baby. Agora, a primeira coluna que assinei foi em conjunto com o José Afonso Baldissera, que chamava “José Afonso e Paulo Leoni Vão às Compras”.
Diário do Rio Claro: qual foi sua primeira entrevista?
Paulo Leoni: minha primeira entrevista foi com a atriz Marília Pera, na sociedade italiana. Ela veio com a peça As Margaridas. Muitos anos depois, encontrei ela em um voo e disse que estava muito nervoso, pois ela foi a primeira pessoa que profissionalmente entrevistei. Nessa ocasião estava voltando de uma gravação na Bahia, com toda a equipe do meu programa, e acabei fazendo uma nova entrevista com ela.
Diário do Rio Claro: como foi transitar entre o colunismo social e o departamento comercial?
Paulo Leoni: logo que eu cheguei no jornal eu precisava arrumar uma fonte de ganho, porque só fazendo a “Rapidinhas da Baby” não ia ganhar nada. Então fiquei muito amigo do Vinicius. E ele via toda minha vivacidade, que eu era bem relacionado. Então me deram um talonário [atual pedido de inserção comercial] e o Vinicius me chamou para vender: “olha, você não quer vender a coluna para mim? Eu tenho um suplemento e você pode vender o suplemento do domingo que é mais fácil”.
Fui procurar primeiro os amigos. No fim do dia, eu apareci com o talonário vendido até a metade, apenas. Cheguei frustradíssimo e falei: “viu, Vinicius, eu vendi metade, mas, na boa: acho que amanhã eu termino”. Ele chamou o Jodate, a dona Mara e eu falando “não faz isso, amanhã vou vender o resto”. O Jodate olhou e se surpreendeu de eu ter vendido meio talão no primeiro dia. Uma semana depois eu já era o responsável comercial pelo suplemento. Para você ver como não tinha noção. Eu achava que tinha sido um fiasco, mas não foi.
Diário do Rio Claro: como era a relação da sociedade da época com o colunismo social?
Paulo Leoni: a cidade vivenciava fortemente esse negócio de coluna social. Importante lembrar que diversos colunistas seguiram os passos do Vinicius. Tem um monte de filho abandonado do Marcus Vinicius, eu sou um deles. O colunismo social na época fazia parte da vida das pessoas, era como a internet hoje. Você não tinha um telefone para botar sua cara lá ou a foto do prato que comeu no restaurante. Aliás, acho o máximo as pessoas colocarem a foto de pratos nas redes sociais. O nome da pessoa sair na coluna social dava prestígio. Prestigiava o profissional. Era só colocar o nome lá, que no outro dia, por exemplo, o estabelecimento bombava com gente ligando, enchendo a casa. É ridículo, é. Mas é o que era.
Diário do Rio Claro: como foi a transição para a televisão?
Paulo Leoni: um amigo, o Paulo de Tarso, disse que iria abrir uma televisão em Piracicaba e sugeriu que eu fizesse um programa igual ao do Amaury Jr. Isso foi há 27 anos atrás. Eu fui o primeiro a fazer televisão em Piracicaba, assim como fui o primeiro a trabalhar em rádio FM ao vivo.
Diário do Rio Claro: como foi esse período?
Paulo Leoni: teve um período que escolhia qual festa cobrir, pois trabalhava em uma emissora regional. Ganhei muito dinheiro. Tinha muito patrocínio. Com o tempo, cada cidade foi ganhando seu canal, e tinha vida própria. Por que chamar Paulo Leoni se existe um parceiro local? Mas muita gente que surgiu nesse período acabou sumindo também.
Diário do Rio Claro: a televisão mudou desde que você começou, há 27 anos atrás?
Paulo Leoni: acho que a televisão perdeu muito. Muitos talentos morreram. A TV americana é originária do cinema. Já a TV brasileira vem do rádio, que tem uma verve mais vibrante, mais fácil. Fica difícil hoje fazer comparações. É um outro tempo. Mas acho que a televisão está se acomodando igual ao rádio quando surgiu a TV. Mas houve uma segmentação do rádio. Ele se adaptou. A TV tem que seguir esse caminho.
Diário do Rio Claro: por que você não permaneceu em grandes emissoras de TV?
Paulo Leoni: Eu não fui porque teve uma época que eu descobri que o que eu ganhava por mês, fazendo meus programas, era o que Tarcísio Meira ganhava na rede Globo como ator principal. Então não fui por causa disso. Lá eu seria só mais um bobo. Com uma competição acirrada. Não dá para ir sem suporte. Você tem que ir com apoio.
Diário do Rio Claro: você se preocupa com as comparações com o Amaury Junior?
Paulo Leoni: não, claro que não. Mas meu grande ídolo foi o Blota Júnior. A graça desse cara para apresentar um programa de auditório não existe hoje em dia. Era uma linguagem apurada.
Diário do Rio Claro: você acredita que o colunismo social no impresso vai sobreviver? Consegue se renovar?
Paulo Leoni: esse comportamento muda de cidade para cidade. Tem lugares que funcionam e lugares não. A concepção de valores mudou e, em alguns lugares, já não é mais interessante colocar um gerente de banco na coluna social, por exemplo, porque ele é só mais um gerente. Mas o que voltou com força no colunismo social hoje é o furo. O diferencial é o furo, que é o que a Joyce Pascowitch, a Monica Bergamo fazem. A valorização da coluna social é exatamente essa.
RÁPIDAS
NÃO MERECE O MEU RESPEITO: moral com prazo de validade.
A POLÍTICA É: carente de verdade.
NÃO SIMPATIZO, MAS RESPEITO: se não é para seguir, qual é o sentido da Constituição?
NÃO RESPEITO, MAS SIMPATIZO: sexo com a cunhada.
UM ÍDOLO: Blota Júnior.
UM SONHO POSSÍVEL: programa em rede nacional.
UM SONHO IMPOSSÍVEL: não existe sonho impossível.