Os corpos das vítimas do massacre registrado na Escola Raul Brasil, em Suzano, foram sepultados em meio a muita comoção nessa quinta-feira (14).
Os alunos Kaio Lucas da Costa, 17 anos, Claiton Ribeiro, 17, Samuel Melquiades, 16, Caio Oliveira, 15, e as funcionárias do colégio, a inspetora Eliana Regina, 38, e a coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezo, de 59 anos, tiveram velório coletivo no ginásio da cidade, onde familiares, amigos e desconhecidos se despediram e fizeram as últimas homenagens.
Apenas o corpo da coordenadora não foi sepultado ontem, o que ocorre após a chegada do filho dela que estava na China. Familiares do estudante Douglas Celestino preferiram velório particular.
O corpo de Jorge Antonio de Moraes, tio de um dos autores, Guilherme Monteiro, e também morto pelo sobrinho, foi velado no cemitério, onde foi sepultado.
Os corpos dos autores do massacre, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, foram sepultados, sem velório. Os dois eram ex-alunos da escola.
O caso teve repercussão internacional, gerou comoção, revolta e vários questionamentos, a maioria sem resposta.
APREENSÃO
O delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, afirmou nessa quinta-feira (14) que a polícia pediu à Justiça a apreensão de um adolescente de 17 anos, que teria participado do planejamento do massacre da escola de Suzano.
“A terceira pessoa é um adolescente. A apreensão dele já foi sugerida ao juiz da infância e da juventude e o material relacionado com a participação dele já está arrecadado”, disse Fontes. O dono do estacionamento onde a dupla guardou o carro teria informado para a polícia sobre a participação de uma terceira pessoa, conforme o delegado.
“Ainda não confirmamos a informação. Estamos submetendo a fotografia do adolescente ao responsável pelo estacionamento para confirmar. Temos outros dados que fazem crer que esse indivíduo participou pelo menos da fase de planejamento.”
De acordo com Fontes, a investigação aponta que a motivação do massacre é por reconhecimento de parte da comunidade, aparecer na mídia. “Esse foi o principal objetivo, não tinha outro”, diz o delegado.
COMPORTAMENTO
A psicóloga Andreza Spiller alerta que transtornos que podem se agravar e levar a uma tragédia são perceptivos. “Muito provavelmente, desde criança, essa pessoa já tinha um transtorno mental e não teve uma assistência, um cuidado psicológico, e foi se intensificando com situações estressoras como bullying, comparações, tudo foi se juntando ao transtorno até chegar o momento que houve o surto, perdeu toda a sanidade e começou a ter atos de pura loucura. Então, não é consciente o que foi feito. Ele está totalmente perturbado, não tem consciência daquilo”, avaliou.
Sociedade e principalmente pais devem estar atentos a possíveis sinais. “É muito importante que os pais se mantenham por perto dessas crianças, observar se está introspectiva, mais quieta, se está apresentando comportamentos inadequados. É preciso um cuidado especial, diálogo, acompanhamento psicológico. A pessoa precisa ser assistida”, orienta a profissional.
Segundo Andreza Spiller, com relação ao que aconteceu em Suzano, provavelmente os autores deram indícios de comportamentos estranhos. “Podem ter apresentado, por exemplo, isolamento, introspecção e não foram assistidos, então, vai somando e acontece uma tragédia como esta”, lamentou.
SEGURANÇA NAS ESCOLAS
Em nota oficial, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação, informou que os procedimentos de segurança em todas as 5,3 mil escolas serão revisados e está em estudo um projeto para reforço à segurança nas escolas mais vulneráveis.
As aulas em todas escolas públicas estaduais e municipais de Suzano ficam suspensas até esta sexta-feira (15), data que professores da rede discutirão as propostas pedagógicas para acolhimento, na próxima semana, dos alunos e comunidade escolar. A Seduc-SP, em conjunto com especialistas do Instituto de Psicologia da USP, Unicamp e Prefeitura Municipal de Suzano, irá dar suporte pedagógico e psicológico para a estruturação de todas atividades.