Assim como diversos outros estabelecimentos, os consultórios odontológicos também tiveram que ficar um período com as portas fechadas e sem atendimento para os pacientes. Depois de pouco mais de um mês do início da quarentena, em março, alguns procedimentos começaram a ser autorizados pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), como relata a cirurgiã dentista Karine Mussarelli. “Logo que surgiu a pandemia, tivemos que ficar parados, pelo Conselho Federal de Odontologia, que não estava permitido nenhum tipo de tratamento. Só fazíamos os aconselhamentos para os pacientes por videoconferência. No final de abril, começo de maio o (CFO) permitiu começar atender algumas urgências e emergências, para tirar os pacientes dos quadros agudos de dor. Essa conduta está se mantendo. Então os tratamentos eletivos, como uma limpeza, ainda estamos evitando”, relata a doutora ao Diário do Rio Claro.
Conforme os especialistas, a categoria também é uma das com maior risco de possível contágio, isso por conta de ficarem em exposição a patógenos devido à grande proximidade física da boca do paciente e aos aerossóis (nuvem de gotículas de água, saliva e microrganismos) que os motores odontológicos produzem enquanto estão sendo usados,
Portanto, para prevenção dos pacientes e dos profissionais os cuidados são redobrados, inclusive com o espaçamento entre um atendimento e outro, o que antes era de apenas 10 minutos agora se tornou bem maior. “Eu atendo com diferença de uma hora entre os pacientes que vão fazer os procedimentos, para dar tempo de fazer toda higienização da sala e também para que as partículas que ficam suspensas no ar, possam decantar na superfície e eu poder higienizar”, ressalta.
HIGIENIZAÇÃO
A higienização já fazia parte de rotina, porém agora foi intensificada para impedir ao máximo qualquer tipo de contaminação do novo coronavírus. “A parte da higienização sempre teve no consultório odontológico e estamos mantendo. A única coisa que acrescentamos foi o quaternário de amônio que também estamos passando nas superfícies que antes não tinha, era só álcool 70%. Então hoje, além do álcool 70% passamos também o quaternário de amônio. A gente faz toda desinfecção de chão, superfícies, das maçanetas, enfim, tudo. Temos que utilizar todos materiais autoclaváveis que são esterilizados ou os descartáveis”, esclarece Karine.
Todos os cuidados devem ser seguidos também pelos pacientes. “Pedimos aos pacientes que se apresentarem algum sintoma de gripe, mesmo que leve, ou tiveram contato com outras pessoas nesta situação, nos avise que remarcamos a consulta. Pedimos para utilizarem máscaras e quando chegam passam o sapato no tapete sanitizante além do uso de álcool em gel. Estamos sempre com os máximos cuidados”, salienta a doutora.
De acordo com pesquisa do Conselho Federal de Odontologia (CFO) feita com 40 mil cirurgiões-dentistas entre os dias 25 de junho e 3 de julho, 82% desses profissionais continuam exercendo a odontologia durante a pandemia do novo coronavírus, mas seguindo os cuidados de biossegurança recomendados pela entidade, como destacados pela cirurgiã dentista Karine Mussarelli.
Ainda, de acordo com o levantamento da entidade, do total, 72% disseram que continuaram trabalhando com as restrições exigidas, entre as quais alteração do horário de atendimento, menor número de auxiliares, prioridade para urgências e emergências; 10% afirmaram continuar trabalhando sem qualquer tipo de restrição; e 18% interromperam os trabalhos nesse período.
O Brasil tem quase 340 mil cirurgiões-dentistas com inscrição ativa. Todos foram ouvidos e, desses, 40 mil participaram da consulta.
REDE PÚBLICA
Em Rio Claro, conforme informou a prefeitura, os atendimentos odontológicos de urgência e emergência estão sendo realizados nas unidades básicas de saúde e unidades de saúde da família e também no Centro de Especialidades Odontológicas e Centro de Especialidade Infantil. Nos casos urgentes o paciente deve procurar a unidade de saúde para receber o atendimento. Os agendamentos de consultas eletivas, seguindo os protocolos do Ministério da Saúde, estão suspensos como medida de prevenção ao novo coronavírus.
De acordo com um outro levantamento feito pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), entre os dias 15 e 24 de maio deste ano, revela que as consultas odontológicas na rede pública de saúde caíram, em média, 83,5%, nesse período em que o Brasil era declarado o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus e a curva epidêmica de contágio subia. Foram entrevistados três mil dentistas de todo o país que atendiam pacientes nos sistemas público e privado de saúde.
CONTÁGIO
O presidente do CFO, Juliano do Vale, à Agência Brasil, salientou, por sua vez, que o risco de contágio da covid-19 nos consultórios odontológicos é semelhante ao de qualquer outro ambiente que presta serviços de saúde. Segundo expôs, o risco de contaminação dos consultórios odontológicos “pode ser minimizado ou até mesmo eliminado, se forem adotadas todas as recomendações que envolvem métodos de desinfecção e esterilização de equipamentos, instrumentais e materiais odontológicos e o uso adequado de equipamentos de proteção individual”. Destacou também que o cirurgião-dentista e a equipe técnica possuem preparo profissional para lidar “com ambientes de alto risco biológico”.
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