Imagino quantas histórias você consegue recordar de sua infância.
Penso que talvez goste de contar na conversa com amigos algumas passagens interessantes. E sei que à medida que você vai se lembrando de mais e mais histórias virão à tona facilmente.
Como é bom recordar de algo que nos marcou na infância, não é? E você sabe que recordar é viver. Trazer aquela emoção totalmente para hoje, não importando quanto tempo passou. Ainda encontra-se vivo em sua memória.
Interessantemente a gente acaba soltando da nossa memória pedaços de nossa vivência que se transformarão em memórias gostosas de visitar. Atualmente existem grupos na internet que estão resgatando isso para a gente.
Na minha infância, meu pai tinha um restaurante na beira da rodovia Washington Luiz e mesmo criança ajudava em algumas ocasiões a tirar os pratos da mesa e recolher os talheres e outras coisas. E isso era muito importante, mesmo não gostando muito sentia que fazia parte do todo.
Mas, o que eu mais adorava era quando o prato do dia era o famoso bife a cavalo. O bife era acompanhado do molho de tomate e um ovo frito por cima. O começou me chamar a atenção era que uma granja que fornecia para o restaurante estava fazendo um teste com galinhas que a maioria estava pondo ovos com duas gemas.
O que era mais divertido era adivinhar qual dos ovos teria duas gemas antes de quebra-lo na frigideira Eu ficava perto do fogão observando esse momento. Era uma emoção muito grande maior do que quando comprava envelopes de figurinhas para o albúm e começava a abrir para ver o qual tinha tirado.
A fascinação pelo momento que a cozinheira, a dona Cida quebrava o ovo e soltava na frigideira era espantoso para um garoto de oito anos. E adivinhar qual seria duplo era ainda mais emocionante. Coisas de criança, você diria.
E realmente era essa expressão de curiosidade, espontaneidade, alegria e surpresa por algo que era novo para mim. E talvez você recorde de algo bem espontâneo de sua infância. De ficar de boca aberta ao ver uma borboleta de perto. De andar descalço debaixo de uma chuva de verão. Ou ainda de poder subir em uma árvore ou rodar um pião (Hum! Bem antiga essa hein?).
Hoje, as crianças perderam um pouco da originalidade e vivem mais no mundo virtual, na tela do celular ou do computador em jogos de rede. Esse mundo virtual parece um pouco mais frio e de pouca criatividade, à distância e a cores.
E eu fico aqui pensando que talvez a nossa vida tenha se tornado cada vez mais virtual e estamos deixando de lado a expectativa, a curiosidade, a alegria e a diversão de contemplar um simples ovo com duas gemas. Pense nisso!