Figura controversa e ativa na vida política/jornalística da cidade, Carlos Marques se notabilizou por protestos e discussões acaloradas na Câmara Municipal de Rio Claro em um passado recente, antes de ocupar o cargo de Ouvidor, na atual administração de João Teixeira Junior, o Juninho da Padaria (Democratas).
Em sua entrevista ao Centenário, Marques solicitou a divulgação dos meios de acesso à Ouvidoria Municipal, que tem horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, pelo telefone 3526-7105. O serviço funciona também 24 horas pelo portal www.rioclaro.sp.gov.br/ouvidoria e pelo WhatsApp 99495-9124. “Também monitoramos as solicitações de reparo da iluminação pública, que podem ser solicitadas pelo telefone 3526-7105 ou pelo portal www.rioclaro.sp.gov.br/iluminacao”, completa. Leia a entrevista.
Diário – Na sua opinião, qual a definição que se pode dar para “Política”?
Carlos Marques – Para ser didático, penso que devemos separar o que para muita gente é uma coisa só, isto é, “política” e “poder”. Se por “poder” entendemos a capacidade de realizar coisas, para a “política” devemos atribuir a capacidade de decidir quais coisas devem ser realizadas e em qual prioridade. No momento em que o país começa a discutir quem será seu próximo presidente, vejo dois erros que podem nos levar a um cenário tão ou mais complicado do que o atual. São eles: escolher um presidente político, mas sem “poder”, ou um presidente com poderes, mas sem capacidade para exercer a “política”.
Diário – Há muitas alusões, principalmente nas redes sociais, sobre o seu posicionamento antes de se inserir na vida política/administrativa do município. O que você pode dizer a respeito?
Carlos Marques – Sempre estive inserido na vida política da cidade, seja atuando como jornalista ou como cidadão, como no caso das redes sociais. Devo dizer também que não mudei meus posicionamentos. O que mudei foram meus pronunciamentos. Tenho consciência que os pronunciamentos do Ouvidor devem traduzir as intenções dos cidadãos que procuram a Ouvidoria para ter atendidas as suas solicitações ou reclamações e não minhas opiniões. Sem essa distinção, não se pode exercer o que é próprio à “política” que cabe ao Ouvidor Municipal. Simplificando, hoje me preocupo em representar as demandas dos cidadãos que buscam a Ouvidoria e não minhas posições pessoais.
Diário – Em outras épocas, houve alguns bate-boca entre você e um membro do Democratas. Como é, hoje, trabalhar em uma administração do partido?
Carlos Marques – É preciso que fique claro que a Ouvidoria não decide pelo Executivo. Para isso, existem as secretarias e autarquias. Se entendi a pergunta, seja no exercício do jornalismo ou como cidadão, debati posições com várias pessoas importantes da cidade, incluso ex-prefeitos de diversos partidos. Discordei, inclusive, de algumas posições adotadas pelo atual prefeito quando exercia a vereança. Agora, para voltarmos à pergunta inicial, deve ser próprio à política o espaço para as divergências e, se a “política” detiver “poder”, saberá superá-las para trabalhar em prol do bem comum.
Diário – Quais as maiores reclamações que chegam à Ouvidoria?
Carlos Marques – Sob a administração do prefeito João Teixeira Junior, a Ouvidoria Municipal mudou. Unificamos as demandas do Serviço 156 com as da Ouvidoria, informatizamos todo fluxo de informações com o objetivo de aumentar a performance das respostas do Governo e impedir que essas demandas fiquem ‘paradas’ em processos físicos excessivamente burocráticos. Ao mesmo tempo, classificamos essas demandas por secretarias, diretorias e/ou departamentos, permitindo não só ao Governo melhor ciência de como estão os diversos atendimentos ao cidadão, como fornecemos informações para que o Executivo adote correções ou ajuste prioridades para melhor responder às demandas da população, muitas delas cíclicas, a depender da época do ano.
Em números, as cinco maiores solicitações no Serviço 156/Ouvidoria de janeiro até agosto foram: tapa-buraco asfáltico (592), aplicação de raticida (582), laudos para poda ou remoção de árvores (367), limpeza de terrenos abertos (330) e fiscalização da vigilância sanitária (281), num total de 6.624 atendimentos registrados. Já os reparos da iluminação pública somaram 5.433 solicitações, perfazendo um total de 12.057 atendimentos ao público. Estamos trabalhando para diminuir a burocracia ao aproximar o cidadão da capacidade que a administração municipal possui ou precisa para melhorar seu atendimento.
Diário – Qual é a porcentagem de reivindicações/reclamações resolvidas pela Ouvidoria?
Carlos Marques –Tivemos o cuidado – digo tivemos porque na Ouvidoria trabalhamos em equipe –, de fazer um levantamento dos dois últimos anos do governo anterior e concluímos, a partir dos dados que encontramos, que em apenas 27,36% delas o cidadão recebeu algum tipo de resposta, dentro ou fora dos prazos. Hoje, com o apoio do prefeito e cientes que temos muito a melhorar, atingimos 53,72% de solicitações atendidas, sendo que dentre essas 28,77% dentro do prazo estipulado. Para alguns tipos de demandas, o nível de resposta dada dentro do prazo chega a mais de 95%; outras, mais complexas, têm um desempenho menor. É exatamente aí que a parametrização pode ajudar o Executivo a perseguir e melhorar suas metas.