Mais um vexame da seleção brasileira. E pior, diante da Argentina, o maior rival e no templo sagrado do futebol mundial, o Maracanã. E olha que o Brasil enfrentou um Lionel Messi apagado em campo, que acabou inclusive substituído no segundo tempo, naquela que pode ter sido sua última partida em gramados brasileiros.
O Brasil tentou desde o início do jogo tomar a iniciativa do ataque, mas, na hora de concluir as jogadas, ficava evidente a falta de melhor habilidade por parte dos jogadores brasileiros que hoje servem a seleção, algo inadmissível, em tempos idos. Erros de chutes, de domínio de bola, de posicionamento e de condução de bola, foram muitos. E não se pode atribuir isso a falta de entrosamento ou treinamento. É ruindade, mesmo.
Uma seleção brasileira que cria duas ou três jogadas claras de gol em 90 minutos de jogo mais acréscimos não é digna desse nome. Presunção ou falta de entendimento, não se sabe, mas, é inadmissível a estratégia de jogo montada pelo técnico Fernando Diniz nas últimas três partidas, justamente, contra os adversários mais forte das Eliminatórias, Colômbia, Uruguai e Argentina.
Sem tempo para treinar, deveria o técnico da seleção brasileira optar por um esquema de jogo que melhor se adaptasse ao estilo dos jogadores por ele convocados. Mas não, cometeu a heresia de recuar Neymar, nos jogos em que o craque esteve em campo para iniciar as jogadas na intermediária. Deve ter esquecido Fernando Diniz, que o jogador habilidoso, precisa estar sempre perto da área adversária, para concluir as jogadas em busca do gol. E quando perde Neymar, obriga Rodrygo a fazer a função de articular as jogadas de meio-campo, o que, todos sabem, não é a dele. Aliás, Rodrygo que é apenas coadjuvante no Real Madrid, continua devendo um melhor futebol quando atua pela seleção.
À duas constatações chega-se com facilidade depois de três derrotas seguidas nas Eliminatórias. Não temos atacante melhor que Vinicius Jr. e, mesmo assim, isso não significa muita coisa. E Neymar, quer queiram quer não, ainda é, a nossa maior referência internacional em termos de bom futebol. De Raphinha, Martinelli, Jesus e “Cia. Bela” não se pode esperar nada além daquilo que já demonstraram que podem fazer, o que é bem pouco em se tratando das exigências de uma seleção brasileira.
Diante da Argentina, deu pena do nosso futebol. Não se trata de falta de comprometimento, de maio empenho, porque essa geração, forjada no valor volúvel das aparências, não tem essas qualidades para oferecer. Trata-se de incapacidade técnica que, naturalmente, a impede de jogar um futebol à altura de uma seleção cinco vezes campeã do mundo.
Que Diniz não ficará no cargo, isso é favas contadas. E daquele que virá substituí-lo, seja quem for, não se espere muita coisa. Talvez, consiga formar um time competitivo. Porém, formar um time genial, encantador, apaixonante, nunca. Pois faltam jogadores para isso.
No Maracanã, a Argentina jogou como quis e sem sofrer sustos. Fechou-se no seu campo defensivo quando não tinha a posse de bola e nem teve dificuldades para fazê-lo, devido à lentidão e falta de maior habilidade dos jogadores de meio-campo e dos laterais do time brasileiro, que poderiam tornar a equipe mais rápida e mais objetiva, tivessem recursos técnicos suficientes para fazê-lo e estivessem melhor posicionados em campo. Quando tinha a posse de bola, a Argentina trocava passes com facilidade e fazia o Brasil correr atrás. Cozinhou o galo na base da milonga e achou o gol em uma jogada de bola parada, total desatenção e erro de posicionamento recorrente da defesa do Brasil.
Foi triste ver a seleção brasileira jogar. Tão triste e tão deprimente, quanto ao espetáculo dantesco provocado por ignorantes, nas arquibancadas antes do jogo, que resultou inclusive, no atraso do início da partida e pode acarretar sanções à CBF.
Por falar em CBF, é atualmente comandada por um presidente que não demonstra aptidão para o cargo. É o resultado é a bagunça e o descaso com a seleção brasileira, que não possui sequer um diretor geral. Esse é o resultado da administração Ednaldo Rodrigues. Futebol? Nada! Competir e vencer? Fica pra depois.
Eliminatórias, agora, só ano que vem. Até lá, muito provavelmente, a seleção já será comandada por outro técnico, que assumirá o time em um modesto e preocupante 6º. lugar nas Eliminatórias. Preocupa igualmente enfrentar Espanha e Inglaterra no mês de março, nas atuais condições, ainda que, em amistosos. Mais vergonha vindo por aí? Tomara que não! Afinal, nem a seleção brasileira e nem o seu torcedor merecem isso.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: André Durão