Atualmente, quando consideramos a importância do acesso à informação, em meio ao cenário em que vivemos – de negacionismo e de livre circulação de fake news –, faz-se fundamental afirmar a necessidade de pautarmos, de modo crítico e responsável, a exposição e a divulgação científica – especialmente no que se refere às Ciências Sociais – em meios virtuais.
Ademais, faz-se importante discutirmos “O que é Virtual” em 2022 – três décadas depois daquilo que foi escrito e definido pelo filósofo francês Pierre Lévy. Porém, para isso, tal debate certamente não se enquadra em nosso texto.
Temos, de início, que uma seara ainda pouco explorada nos traria a referência de que os Direitos Humanos de quinta geração – ou fortemente vinculados ao ideal revolucionário francês da “solidariedade” – não estão prontos na imensa maioria das consciências e das mentalidades (subjetividades). Isso se dá por uma razão simples: ainda temos muito que avançar nos direitos fundamentais mais essenciais, tais como a alimentação, a saúde e a educação pública.
Isso é absolutamente compreensível, mas – sempre tem um “mas” – o mundo globalizado e virtualizado (assim como nós indivíduos também somos hoje), ocupa-se, cada vez mais, desse incremento de substituição trazido pela exposição, pela modelagem e pelo controle de modo crescente do assim chamado “plano virtual”: a própria democracia e os direitos fundamentais estão cada vez mais atordoados com as formas prevalecentes de uso (abusivo) dos recursos tecnológicos.
Em todo caso, esse é um capítulo dos Direitos Humanos; o outro, retomando o lema da Solidariedade Revolucionária de 1789, incita-nos a pensar os Direitos Humanos como um conjunto complexo que se harmoniza numa lógica simples, mas de enorme dificuldade em sua execução. Trata-se de buscar o vínculo humanitário no contexto da “Unidade na Diversidade” – exatamente, o que fortalece a diferença e impede a desigualdade.
A primeira barreira que se agiganta neste lado do mundo, no Brasil da fome e da miséria humana, por exemplo, revela que qualquer ideal deixou de ser uma bússola moral para se converter em luta política e de sobrevivência contra o retrocesso moral e social.
O ideal, nesses termos, seria não mais usarmos senhas em celulares ou aplicativos – se houvesse civilização –, bem como esse mesmo ideal nos aproximaria do dia em que as cotas (as ações afirmativas) seriam desnecessárias, porque as desigualdades atuais teriam sido reconvertidas em meras diferenças. Basta-nos, então, pensar no quanto isso é ilusório, como Utopia sem lugar na realidade mais prosaica que nos enreda.
Contudo, firmemente articulados nesse propósito de lutar pelo reconhecimento e pela defesa e promoção dos Direitos Humanos, é essencial não fugirmos ao debate, ao mesmo tempo em que continuamos a luta por uma vida digna, no mundo virtual e fora dele.
Por: Vinício Carrilho Martinez
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