Formar leitores não é tarefa fácil. Mas, perfeitamente possível, vez que leitura é hábito que se adquire. Depende, em princípio, de oportunidade e estímulo. A oportunidade está dada aos possíveis interessados, são três bibliotecas públicas na cidade de Rio Claro, em pleno funcionamento, onde o futuro leitor pode associar-se e retirar o livro para leitura, com o compromisso de devolução, e tudo gratuitamente. Há também bibliotecas comunitárias acessíveis a todos os interessados.
Mas e o estímulo à leitura, de onde vem? Deveria vir, em princípio, da família e, depois, da escola. Parece, todavia, que os pais andam muito ocupados com coisas que julgam mais importantes e, os professores, um tanto desestimulados em face às dificuldades do dia a dia que enfrentam para levar adiante a sua missão de ensinar.
Porém, o hábito saudável da leitura, até que se torne realidade, demanda todo um processo. No começo, recomenda-se ao novo leitor textos curtos. Por exemplo, contos de aventura, poesias, matérias de jornais e revistas, e um gênero literário que se aproxima do romance, mas que não é romance, ou seja, as novelas. Não confundir com telenovelas.
Assim, aos poucos, vai se pegando gosto pela leitura, cuja primeira função é entreter o leitor, proporcionar-lhe prazer ao dedicar cinco, dez minutinhos de seu precioso e escasso tempo, para inserir-se numa outra dimensão da vida, fascinante e, cujo acesso, uma vez conquistado, não se desejará perder. Essa proeza, só a leitura proporciona ao ser humano.
Mas antes, é preciso gostar de ler. E parece que os autores brasileiros, em sua maioria, não tem contribuído para isso. Há uma parcela significativa de leitores que perdeu mesmo o interesse pela leitura, devido à mesmice e o marasmo que a literatura, de ficção, aquela que entretém o leitor, resumiu-se ultimamente, sobretudo, a literatura brasileira, onde, a exemplo do que já acontecia no teatro e na tevê, autores metidos a engraçadinhos disputam espaço com aqueles outros dispostos a desnudar ao grande público os seus draminhas pessoais. O país ferve no aspecto político e social nos últimos anos, e nenhum escritor brasileiro apresentou um romance digno de valor literário, que trate sobre o tema.
Outra parte de leitores, mais fiel à leitura, abdicou do livro físico e tem migrado para as novas tecnologias disponíveis, como o Kindle, onde é possível ler livros, de autores nacionais e estrangeiros, a partir de tabletes e celulares.
Como se sabe, o hábito faz o monge! Sacou? Com a leitura não é diferente. É isso o que pais e professores precisam entender. O gostar vem antes de desenvolver qualquer habilidade. Portanto, é preciso, antes de tudo, apresentar o livro para a criança, o adolescente, e o jovem de maneira prazerosa, e não impositiva. Compartilhar a leitura com o filho e o aluno num ambiente propício e agradável é recurso infalível.
Bons autores não faltam para isso. E penso que retaliar textos preciosos da literatura brasileira para ensinar gramática aos alunos é detestável, uma ofensa à literatura e, principalmente, ao autor. Para essa tarefa, os textos jornalísticos cumprem melhor a função.
O livro não é apenas um objeto como muitos afirmam. É mais que isso, é um companheiro para toda hora, um confidente, um universo a ser explorado, um amigo. O livro é sagrado, porque tem o poder de trazer o mundo todo, e a vida, em todos os seus aspectos, ao alcance do leitor na sua intimidade e oferecer-se a ele, em plenitude.