Estamos passando por dias de calor intenso e, com isso, a atenção com o bem-estar dos pets deve ser redobrada, já que os impactos à saúde podem ser graves e eles são mais suscetíveis a sofrer desidratação e hipertermia – aumento acentuado da temperatura corporal, normalmente por exposição ao calor excessivo.
Essa exposição pode acontecer de maneira direta, como ficar ao sol ou em um local muito quente sem ventilação. Por isso, nunca se deve deixar o animal (seja cão, gato, pássaro ou qualquer outro) exposto ao calor sem supervisão, nem preso em locais que possam esquentar, como carro ou casinha de cachorro. Não se deve deixar a água que o animal bebe ao sol, porque também pode elevar a temperatura corporal.
“Em todos esses lugares que podem ter aquecimento do ambiente é bom que sejam ventilados, com opção de acesso ao ventilador ou ar-condicionado. A água deve estar fresca e estar acomodada na sombra, onde não tenha possibilidade de esquentar, pois isso pode levar à hipertermia, e ser trocada de tempos em tempos. Com relação a coleiras e pescoceiras de ferro, elas podem causar queimaduras”, afirma o presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Márcio Thomazo Mota.
Os passeios devem ser feitos em horários de temperaturas mais amenas (no início e/ou final do dia) e mesmo assim é importante levar água fresca para fornecer ao animal. Horários de picos de temperatura esquentam muito determinados pisos e podem causar queimaduras nas patas, além de aumentar risco de desidratação e hipertermia. “Não se recomenda usar sapato para cachorro ou levá-lo em carrinho, pois o passeio é um momento importante de interação com o ambiente e com outros animais”, afirma a presidente da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP, Cristiane Schilbach Pizzutto.
Hipertermia
Os cães e gatos possuem temperatura corporal mais elevada que a do ser humano. “Em caso de hipertermia, pode ocorrer aumento da frequência respiratória, apresentando-se cansados e ofegantes, podendo levar até mesmo a óbito, principalmente em animais braquicefálicos, que possuem focinho achatado e curto”, afirma a presidente da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP.
“É importante salientar que a regulação térmica no cão é pela boca, ou seja, ele troca ar com o ambiente. Se este ar está muito quente, então não há essa troca, que pode elevar a temperatura do animal”, explica o presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do Regional.
Aves também podem desenvolver hipertermia. Da mesma forma, elas devem estar em local fresco, ventilado, com água à disposição. “Dar opção de banho, em vasilhas não muito profundas para que não possam se afogar. Há potes específicos para banhos em petshops”, recomenda Cristiane.
Para gatos, a médica-veterinária indica “deixar vários potes de água pela casa e, se possível, com água corrente, como uma pequena fonte. Também, como eles gostam muito de ficar em locais altos, oferecer opções refrescantes, como ventilação”.
Alimentação
De acordo com a presidente da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP, a dieta deve ser mantida inclusive sem redução da quantidade de ração, sempre com o cuidado de não deixá-la exposta ao sol, mas pode ser que o animal se alimente menos. Pode ser feito enriquecimento de certos alimentos com gelo, a depender da dieta, como fruta em gelo, ou blocos de gelo grandes (para não provocar engasgo).
Com relação à água, a recomendação é trocar com frequência e até mesmo colocar uma pedra de gelo – somente quando se conhece o comportamento do animal, para evitar que se engasgue. “Suquinhos naturais sem açúcar, cubinhos de gelo para o cão brincar e morder são opções para refrescar”, recomenda o presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP.
Recomendações
* não passear em horários de picos de temperatura e devem ser hidratados durante a caminhada;
* em casa, deixar a comida e a água em áreas de sombra;
* procurar deixar o ambiente com ar circulante e vários pontos com água à disposição;
* oferecer opções de áreas mais geladas, com piso frio, por exemplo;
* manter a tosa dos cães de pelo longo em dia;
* ao sinal de que o cão está muito quente ou ofegante, tentar reduzir a temperatura corporal dele, para evitar que algo mais sério aconteça: pode-se molhar o corpo do animal com água fresca, envolvê-lo com toalhas molhadas em água gelada e usar ventilador próximo a ele. Após a estabilização, procurar o veterinário o mais rápido possível. (Fonte: Comunicação CRMV-SP)