As queimadas na Amazônia fazem parte do nosso imaginário. Ouvimos sobre isso há anos e vários institutos nacionais e internacionais acompanham o que acontece no mundo todo e não apenas nas nossas florestas. Há uma preocupação crescente com o meio ambiente e devemos nos preparar. Na Europa, vários países já colocaram metas para proibir a circulação de veículos movidos a combustíveis fósseis já em 2040, mesmo ano em que se estima que boa parte da população do planeta consumirá proteínas elaboradas a partir de insetos e não mais dos gados que exigem muito pasto e água.
Na hora do incêndio, sempre chamamos os mais preparados para debelar o fogo, buscando o menor dano para humanos e outros animais, no campo ou na cidade. As pessoas mais nervosas são sempre afastadas do local para não atrapalhar. Somente depois do problema resolvido e o risco de novos incêndios controlado é que começa a tentativa de entender como tudo começou e descobrir os prováveis culpados.
Dizem que alguns incêndios são importantes para que haja renovação. E a pauta de reformas estudada no Congresso Nacional, promete ser bastante incendiária. A Reforma Previdenciária já está caminhando bem, embora ainda precise colocar Estados e Municípios no novo sistema. O déficit previdenciário anual dos estados está na ordem de R$100 bilhões e crescendo. A Reforma Tributária também sofrerá com as esperadas intervenções equivocadas por parte do governo federal, haja vista a tentativa de ressuscitar a CPMF que, não à toa, tem forte resistência na sociedade e entre economistas. Nos moldes como Paulo Guedes e Marco Cintra querem implantar, só existe na Venezuela. Péssimo exemplo.
Paulo Guedes demonstra não ter um plano de ação. Gosta de fazer discursos cheios de frases bacanas (“Vamos privatizar tudo!”; “No Brasil, tem 5 bancos e 200 milhões de patos pagando impostos.”), boas de serem ouvidas por grandes empresários que se deram muito bem nos momentos de bonança do governo Lula, quando poderiam pressionar por reformas, mas preferiram dobrar a aposta.
A Reforma da Previdência tem o condão de fazer parar de piorar. A Tributária, caso seja a provada a que está sendo gestada pela equipe do CCiF (Centro de Cidadania Fiscal), pode nos trazer mais racionalidade e simplificação ao sistema, tornando-o mais transparente e neutro, beneficiando o crescimento a longo prazo. A Reforma Administrativa, estrategicamente deixada para depois, tem o potencial de atear fogo no Brasil.
Na bonança, os entes federativos ficam mais ávidos para contratar, fazer concursos públicos. O problema vem quando cai a arrecadação. Dos 30 milhões de brasileiros desempregados, subempregados ou desalentados, quase a totalidade vem da iniciativa privada. A maioria dos funcionários públicos ganha pouco, mas no todo, transformam o Brasil num departamento de Recursos Humanos, sobrando pouco para investir.
Quando esse incêndio vier, é bom segurar aqueles que acham possível apagar o fogo com óleo de baleia caçada na Noruega.