A cultura do século XX se recusa a sair de cena. Já avançamos para além de duas décadas do século XXI, mas, o que encontramos é um vazio, que custa ser preenchido com algo que realmente valha a pena, que veio para ficar e encantar, em termos de cultura, ainda que tal pretensão se pareça tola e ingênua.
Toda a cultura de séculos passados, do século XV ao XIX, mais exatamente estão mortas e sepultadas na insignificância dos livros de história e dos museus a qual foram relegados por uma sociedade cada vez mais superficial e imediatista. A cultura destes séculos longínquos e citados, tiveram naturalmente sua importância no tempo devido, mas, desapareceram. Ninguém mais escreve como Camões, Dumas, ninguém mais pinta como Rembrandt, Caravaggio, ninguém mais compõe como Bach, Beethoven e Mozart. Não porque falte capacidade, mas, porque não há interesse.
Observa-se que a cultura começa a se deteriorar ao longo do tempo, à medida que ela se torna acessível à maioria e se torna também meio de vida. Os grandes autores, pintores e músicos do passado, não eram sustentados pela indústria da cultura, mas, por mecenas, reis e rainhas, que eram educados nos padrões da alta cultura e, por isso, aprendiam a admirá-la e entendiam o seu verdadeiro significado e a importância de disseminá-la entre aqueles do seu mesmo nível intelectual e social.
O século XX, através dos meios de comunicação, que passaram a existir, a partir dos avanços tecnológicos proporcionados pela revolução industrial, disseminou a cultura por todas as classes sociais, tornando-a popular como jamais havia acontecido. O advento do cinema, do rádio e da tevê deram vida e movimento àquilo que estava restrito às páginas dos livros, na forma de romance e poesia e dos jornais na forma de folhetins.
As pessoas passaram a se ver e a se identificar com as situações vividas por personagens dos filmes. Seus dramas pessoais encontraram ressonância nas melodias dos discos e a tevê, aos poucos, foi aposentando os livros e ganhando espaço na vida das pessoas, em suas horas de lazer.
Assim se fez a cultura do século XX, baseada na imagem em movimento e colorida e no som cada vez mais aperfeiçoado e de alcance abrangente.
Essa cultura se mantém viva e atuante, ainda hoje, embora, modificada e aperfeiçoada, em decorrência da sofisticação ocorrida, nos meios de comunicação, através dos quais ela é disseminada por toda parte e para todas as pessoas, independentemente do grau de instrução e do nível intelectual e social que as pessoas possuam.
Assim, os filmes, séries e documentários já não se restringem mais às telas das salas dos cinemas e da televisão, porque também se acham nos computadores de mesa e celulares. O mesmo se dá com a música que ultrapassou os limites dos discos de vinil, cd’s e emissoras de rádio e, inclusive, dos palcos e está agora na palma da mão ao toque de um dedo.
Pode se questionar a qualidade, o nível de excelência da cultura e da atualidade e seus muitos modos de expressá-la e disseminá-la, mas que os filmes, as músicas e os livros, permanecem entre nós, não resta a menor dúvida. E de certa forma, também o século XX permanece, pelo menos no aspecto da cultura.
Até quando? Por ora, impossível precisar. Mas, talvez, como acontece em períodos cíclicos da história da humanidade, tudo se renove, a partir do caos momentâneo, por vezes, necessário.
Resta saber, o que está por vir. Essa tarefa, não compete aos que interpretam a sociedade humana, os artistas, mas, àqueles que tentam entendê-la.
Por Geraldo J. Costa Jr. / Foto: Reprodução