Dia 20 de novembro foi escolhido para celebrar a Consciência Negra e refletir sobre a importância do negro na sociedade. Mas a data, assim como alguns outros projetos, como, por exemplo, o sistema de cotas, dividem opiniões entre os negros.
Para alguns, as ações são vistas como preconceito, outros avaliam como reparação e respeito à comunidade negra. Defendendo os direitos adquiridos está o investigador aposentado da Polícia Civil, Dinael Eduardo Mariano, de 52 anos de idade. “Sim, é uma forma de reparação e de não esquecer a nossa história, tudo que passamos, mas a luta deve ser constante, não apenas em uma data”, disse ao Diário do Rio Claro.
Dinael, mais conhecido como Jim Jones, apelido que ganhou de uma amiga de profissão logo no início da carreira, relatou que em sua trajetória profissional e política não enfrentou preconceitos. “Na época que entrei na polícia, não era tão concorrido como agora e muita gente tinha resistência para encarar a profissão, porém, existe, sim”, contou. No entanto, ele já viu de perto pessoas serem discriminadas pela raça. “Infelizmente existe, às vezes, até o preconceito velado. Sempre que fui procurado, orientei sobre os direitos e como recorrer à justiça se necessário”, esclareceu.
Ele diz ainda que as pessoas confundem o preconceito com a injúria racial, porém, destaca que para quem sofre, as duas formas tem o mesmo peso e a vítima deve tomar providências. “A lei existe, é preciso denunciar”, orientou.
Em sua carreira na Polícia Civil, diz que sempre procurou agir da mesma forma com qualquer pessoa suspeita, não compactuando com a marginalização do negro. “Infelizmente, o negro sempre é visto como duas vezes mais suspeito que o branco. Eu, em várias situações, percebi o tratamento de alguns profissionais em relação aos negros, sendo mais incisivos com um negro do que com um branco. Eu sempre procurei tratar todo mundo de forma igual”, afirmou.
Ele lamenta que em diversos aspectos o negro ainda não seja tratado da mesma forma. “São necessárias ainda mais políticas públicas para melhorar a situação do negro na sociedade, dando oportunidades, melhorando a qualificação”, analisou. Ele aconselha que a melhor saída é estudar e se impor, não aceitando ser inferiorizado.
CARREIRA
Bacharel em Direito há 24 anos, encerrou a carreira como Investigador de Polícia Classe Especial, como Encarregado da Central de Polícia Judiciária (CPJ). Atuou durante 27 anos no setor policial, 12 em Santa Gertrudes e 15 anos em Rio Claro. Atuou na Delegacia da Mulher de Rio Claro e foi Investigador Chefe no 3º Distrito Policial. Antes de ingressar, trabalhava como escriturário da prefeitura de Santa Gertrudes, quando foi prestar serviço na seção de trânsito da Delegacia de Santa Gertrudes. Em seguida, surgiu a oportunidade de prestar concurso. Prestou para escrivão e depois para investigador.
OCORRÊNCIA MARCANTE
Na profissão, a ocorrência que mais marcou foi um engavetamento registrado em 1990, altura da cidade de Santa Gertrudes, na Washington Luiz, envolvendo 31 veículos com 27 vítimas, sendo cinco fatais. A tragédia aconteceu por causa da falta de visibilidade provocada por queimada de mato às margens da pista. “Foi muito triste, pessoas feridas e muitas presas às ferragens”, relembrou.
POLÍTICA
Jim Jones ocupa destaque também na política, sendo por três vezes Secretário de Segurança em Santa Gertrudes, vereador de 2001 a 2004 e atualmente ocupa o cargo de Presidente do Diretório do MDB de Santa Gertrudes há quatro anos.