O mito de um fato
Eu penso muito sobre a vida. Me pego questionando o começo e o fim dela. Ao mesmo tempo, penso no agora. Em diversas realidades, sentimentos, e como seria se eu… Sensações que sinto quando escuto aquela música ou quando vou a um parque de diversões.
Em dias nublados, quentes, frios e ensolarados. Melancólicos ou alegres. Irritantes, amáveis ou medonhos. Nojentos e ruins. Às vezes me pego pensando em como seria se eu fosse rica e bonita em outro país, em um apartamento de luxo, com uma Mercedes na garagem. Às vezes me pego pensando em como seria se eu fosse médica. Eu seria feliz ou triste?
Às vezes me pego intrigada em como eu vou ser daqui a 5 anos. Me pego pensando por que as coisas são como são. Por que estou viva? Tenho algum propósito? Será que não sou um personagem de alguma série ou filme adolescente?
Pessoas? O que são pessoas? Eu não sei. Por que as sensações em meu corpo são tão fortes? Por que ligo para coisas sem sentido como minha aparência e se vou ser amada um dia? Por que me importo com o que as pessoas falam e pensam de mim? Por que fico filosofando sobre minha vida quase todos os dias?
Por que estou escrevendo isso? Questionar é errado? Não sei as respostas de nada, só sei que nada sei, como diria algum escritor ou filósofo que não sei o nome. Provavelmente Clarice Lispector. Ou será Dostoiévski. Talvez um matemático. Pitágoras?
Penso sobre todas as coisas, desde por que nasci até o propósito do governo no mundo. À noite, eu fico cansada por algum motivo. E de manhã, super ativa. À tarde parece que não deveria existir. As sensações são únicas. São únicas as sensações que sentimos ao viajar com a escola. Ao ouvir as músicas da Lana del Rey, entre outras músicas indie. Provavelmente falam sobre drogas.
Estou deitada na cama agora, escutando a única música que sei tocar no violão. Estou ignorando as mensagens que meus colegas estão mandando. Não sou incrível, muito menos perfeita, totalmente normal. Acho que a frase sobre mim seria “normalmente estranha, estranhamente anormal.” É a mesma coisa. Só me procuram quando precisam, até os melhores amigos. Sei que falo demais. Mas acho chato me verem como uma assistente.
Será que vão ser meus amigos se eu agir como uma pessoa normal? Ou será que vou voltar a ser chamada de antipática? Grossa? Chata? Egoísta? Ou qualquer outro adjetivo ruim? Enfim, a aula de filosofia está fazendo mal. Provavelmente quando eu ler isso aqui novamente vou me sentir estranha, melancólica ou por algum motivo feliz.
Por que nos importamos com tais coisas que não podemos mudar, que não são relevantes, que são normais na vida das pessoas, mas elas escondem? Qual o sentido de se sentir feliz? Qual o sentido de se sentir triste? Qual o sentido de sentir qualquer sentimento? Por que sentimos? Faz sentido sentir alguma coisa? Não é relevante, mas é tão bom. Ter esses pensamentos não faz sentido algum, nunca vai fazer.
Minhas crises existenciais estão cada vez piores. Será que eu existo o suficiente para ter crises existenciais? Como temos certeza que estamos vivos? Talvez eu seja o pensamento de alguém que o subconsciente criou, talvez eu seja a forma confortável que alguém criou para fugir da realidade, talvez eu seja alguém que o cérebro e o coração não queiram ser.
Por que parece tão besta pensar sobre qual música eu vou escutar, ou qual assunto eu vou falar hoje? Por que é tão difícil entender os meus sentimentos e os das pessoas? Parece tão simples pensar na tristeza teórica. Por que não é literalmente ser feliz? Não precisa sorrir, nem correr, nem brincar, mas por que escolher ficar deitado na cama o tempo todo sem querer ficar na cama o tempo todo? É algo que só as pessoas que estão nesse estado entendem.
Ser legal com as pessoas, não ser, ignorar, responder, se irritar, não se estressar. Não reagir e reagir. Por que nada faz sentido, nem mesmo a vida, você apenas vive. Ou sobrevive, como o ser humano preferir. Talvez estejamos vivendo a “mitologia dos fatos”, antítese de vários sentidos. O mito corporal. O mito sentimental. O mito psicológico. O mito real. Talvez a vida seja um mito. Um mito real. Um mito em que todos acreditam viver. Todos preferem viver esse mito ao fato da mitologia da vida.
O que é o fato da mitologia da vida? Ninguém sabe. É um mito pouco conhecido. Isso é fato.
Texto escrito pela aluna Vitória Ribeiro, estudante da Escola Estadual Zita de Godoy Camargo, sob a curadoria de Rafael Cristofoletti Girro, aluno da Escola Estadual Marciano de Toledo Piza, e de Gabriela Dotta Misson, aluna da Escola Estadual Chanceler Raul Fernandes, todos pertencente à Rede Camões de jornais escolares. O texto tem caráter pedagógico.
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