Há exatamente 19 anos relatamos sobre as condições estruturais e ambientais do nosso Lago Azul, conhecido até hoje como um dos cartões postais de Rio Claro (matéria publicada no Diário, dia 28/01/2001).
Na mesma semana da veiculação da matéria o ex-prefeito Dr. Álvaro Perin, enviou carta ao Diário (publicada na íntegra dia 01/02/2001) pois tinha sido em seu governo municipal que o Lago Azul havia sido projetado e construído, e assim, pôde relatar em detalhes como foram elaboradas as obras hidráulicas para o controle da vazão da água, e principalmente para o combate a poluição do lago.
Desde então, o Lago Azul estava com suas caixas de decantação, que serviam para barrar os detritos, ou materiais poluentes que vinham com as enxurradas da região da Vila Martins e do lado oposto, as enxurradas da região da vila operária. Outro dispositivo, se não o principal em um lago ou manancial de maior porte, é o sistema de escoamento, ou comporta, onde podemos controlar o nível de água do lago.
Não sabemos a data correta, mas após alguns anos de pouco uso do acionamento da comporta mecânica, a mesma emperrou, e a solução empregada na época foi a sua retirada e substituição por um sistema conhecido por monge (tábuas de madeira encaixadas umas as outras para o controle do nível de água do lago).
As caixas de decantação que evitavam o acúmulo de terra e areia no fundo do lago (assoreamento) e seguravam o lixo que descia para o lago através das enchentes, por falta de limpeza e dragagem foram acumulando detritos e danificando sua estrutura, o que gerou o mesmo encaminhamento da comporta, que por falta de manutenção, ao invés de serem consertadas e receberem a devida manutenção, foram demolidas.
Somando as falhas estruturais de abastecimento e escoamento do lago ao crescimento urbano de Rio Claro nos últimos 50 anos, só poderia dar como resultado as periódicas enchentes da Avenida Visconde do Rio Claro.
Hoje, recebemos a herança de obras públicas mal projetadas e sem um planejamento futuro, assinadas por engenheiros focados no pensamento local e não global. Existem bairros à montante do lago que poderiam estar despejando suas águas pluviais em direção aos córregos que deságuam no rio Ribeirão Claro e rio Corumbataí, em vez de serem carreadas para o Lago Azul, ocasionando o transbordamento do córrego da Servidão.
Obras paliativas estão constantemente sendo abordadas por nossos governantes municipais, como a operação de manejo da atual comporta, limpeza de lixo nas águas e no entorno do lago, e a contratação de empresa para dragagem do lodo do lago.
A dragagem total do lago e o manejo adequado da atual comporta conseguiriam estancar as enchentes da avenida Visconde do Rio Claro por período não muito distante, transformando o Lago Azul num grande piscinão, que seria uma de suas funções, além do aspecto turístico. Mas sem as obras de drenagem para desviar as águas pluviais dos bairros á montante e a reconstrução das caixas de decantação, o lago absorveria novamente todos os detritos nele despejados, retornando o assoreamento e, consequentemente, novas enchentes.
Calculam-se investimentos em torno de quase 180 milhões de reais para obras de drenagem das águas pluviais de bairros à montante do Lago Azul, pois imaginem o volume de água que o mesmo é obrigado à suportar, uma vez que, a água das chuvas que caí próximo à empresa Tigre S.A. Tubos e Conexões, é carreada até o lago.
Será um dos principais desafios do nosso próximo gestor municipal, dialogar com o Governo Estadual e os Comitês das Bacias Hidrográficas através do Departamento de Águas e Energia Elétrica e obter recursos junto ao FEHIDRO, Fundo Estadual de Recursos hídricos, além do Governo Federal através de seus ministérios, a Agência Nacional de Águas (ANA) e das emendas parlamentares encaminhadas pelos deputados que visitam Rio Claro de quatro em quatro anos.
Vamos ficar atentos aos planos de governo dos candidatos ao executivo municipal, Rio Claro precisa de mais verde e de um sistema de drenagem condizente com o desenvolvimento urbano.
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