E início a crônica de hoje, ouvindo “Eyes without a face” do Billy Idol. Por esses dias, troquei o café saboroso e bem quentinho pelo chazinho. Recomendação médica do Dr. Catatumba. Essa dona Diabetes, que garota persistente. Tô cansado de dizer que não quero nada com ela, mas ela não se convence de minha decisão, irrevogável.
Chazinho de hortelã, erva-doce, cidreira, camomila. Tem outros. Mas prefiro esses. Quente é como costumo tomá-los, mas, geladinho, nesse calor, vai bem. E entre um gole de chá e uma torradinha vou lendo o meu exemplar do Diário nessa manhã.
Por falar nisso, perdoe-me, leitor. Reconheço a praticidade do mundo digital e não me oponho a ela, mas ainda prefiro o prazer de folhear as páginas de um jornal, livro ou revista. Esse contato íntimo com a cultura e a informação impressa no papel me seduz.
E vivemos a expectativa de uma nova onda do coronavírus no Brasil. Se até aqui, todo cuidado fora pouco, agora, então, deve ser redobrado. Ignorar os fatos e as evidências é burrice. O problema existe e não podemos dar as costas à ele. Nenhum de nós. Nem os cidadãos, nem as autoridades. Até que haja uma vacina eficaz à disposição e até que toda a população seja vacinada, teremos de conviver com esse problema, e dedicando todos os nossos esforços, cada um de nós, para que ele não se agrave.
No esporte, o fato relevante da semana, foi a morte de Diego Maradona. Gênio dentro de campo, com a bolas nos pés. Mas, equivocado na maneira como conduziu sua vida, em todos os sentidos, fora dele. Toda vez que penso em Maradona, e agora, mais que nunca, penso também em Amedeo Modigliani, que era outro gênio, mas, da pintura. Ambos cederam às suas más inclinações. Foram derrotados pelo vício do álcool e das drogas. Deixaram, porém, à posteridade, uma obra de arte que nos encanta e nos faz sonhar.
Igualmente a Modigliani e a Maradona, temos na história das artes, outro gênio que trilhou caminho semelhante. O sujeito que dizia que seu lema de vida era: viver intensamente, escrever livros, morrer feliz. Ao que consta conseguiu dois de seus intentos. Seu nome era Jack Kerouac, o autor de On the road. Capaz de todos os excessos, inclusive o da genialidade para escrever. As páginas na qual descreve o ambiente de um clube de jazz, no livro mencionado, é das coisas mais excitantes e bonitas que já pude ler.
A vida nos dá todas as possibilidades, mas também, não abre mão de nos cobrar as faturas vencidas. Os excessos que cometemos, todos eles, nos proporcionam, num primeiro momento, um prazer inenarrável, depois, a desilusão e o arrependimento. E se tivermos um pingo de dignidade, o sentimento de culpa, com o qual teremos de lutar, depois.
O segredo da vida, é buscar o equilíbrio, em nossos pensamentos, sentimentos e ações. O equilíbrio, que é a porta aberta do convívio amistoso e enriquecedor com a sabedoria, nos permite desfrutar dos prazeres da vida sem nos convencermos de um poder e uma perfeição que não possuímos. E nos permite também, superarmos as dificuldades e as desilusões, tomando-as como oportunidade de aprendizado humano e espiritual.
Os gênios, como Maradona, Modigliani e Kerouac geralmente, não tem essa leitura da vida. Talvez lhes falte gratidão e compromisso com a vida. Talvez, lhes sobre egoísmo, na medida que não consideram o sofrimento daqueles que os amam, aos vê-los sofrer, porque não há ninguém que muito ou pouco, não seja amado.
Enfim, para todos nós e, de algum modo, segue o jogo, e vida que segue.