Ninguém está aqui para ficar. Passageiros, compartilhamos um curto tempo de vida e uma época em um planeta minúsculo iluminado por uma estrela média na periferia da via láctea, enorme galáxia com seus mais de 100 bilhões de estrelas. E pensar que ela é apenas uma entre tantos outros bilhões de galáxias.
Mas se você pensar, é um privilégio ser humano, porque além da capacidade que temos de amar e fazer o bem, também com nossa inteligência somos a possibilidade que o Universo tem de se conhecer,como Carl Sagan gostava de dizer.
É claro, o amor não é ciência exata. E a vida, um contrato sem garantias. E por mais que a gente não goste de pensar nisso, a cada instante, temos o imprevisto desconhecido à nossa espera. O futuro parece tão bem determinado na nossa cabeça, em tudo que planejamos e fazemos. Mas aí vem o imprevisto e, pam! Tudo muda em poucos minutos, para o mal e também para o bem, porque não? Nos angustiamos quando as coisas vão mal, ou mesmo quando diante de escolhas. Somos feitos com o tecido do imponderável. “Está tudo sob controle” é nossa frase favorita. Mas vem carregada de ilusão. Somos perecíveis, frágeis, sozinhos dentro de nós mesmos e sabemos que hora menos hora tudo se acaba. Por isso vivemos aí correndo para abraçar algo que nos dê alguma garantia. Há sempre a sensação de vazio a nos perseguir. Assombra-nos a simples ideia de que um dia, com muita sorte, seremos apenas lembrança na mente de alguém, ou uma foto esquecida em um celular antigo que nunca mais ninguém carregou.
Na ilusão que temos por controle absoluto da vida e seus processos cotidianos, muita gente porém confunde a vida com ciência exata.
Quantas vezes agimos de um jeito com os outros esperando um resultado e nos decepcionamos. O contrário também é válido.
E com os filhos? Muitos pais educam dão o mesmo amor, dedicação, na mesma casa, mesma família e tudo o mais, e acaba que cada um segue um caminho diferente, com diferentes personalidades.
Não há fórmulas ou leis naturais que nos conduzam à “boa criação” de um filho, ou para ser ainda mais geral, na formação, no toque a outro ser humano.
O desafio a que nos propomos quando temos um filho é, então, tentar torná-lo especial para o mundo, já que para o mundo não passa de mais uma criança, um traço na estatística.
Uma forma de amor que podemos dar aos nossos filhos também é oferecer-lhes as condições e ferramentas para que eles próprios consigam se desenvolver neste mundo maluco. E isso não tem muito a ver com coisas, mas com sentimento, com formar um ser com maturidade emocional, alteridade, empatia. É com o olhar da gente para a vida que nossas crianças se educam.
É mais urgente que a escola, mais importante que toda a ciência e conhecimento, mais necessário que os livros: temos que ensiná-los a amar. A amar e a serem gente, na mais plena definição da palavra.
Só assim, poderão transformar o planeta e a sua época, consertar o que precisa ser consertado. Só assim, mesmo em meio à muita tecnologia, computadores, toneladas de dados conectados e ditando regras e tendências, haverá amor, calor humano e altruísmo.
Quem sabe até a inteligência artificial evolua também para o emocional? E humanos e máquinas juntos de fato transformem o que precisa ser transformado.
Quem viver, verá. Ou não…