Natural de Buri, São Paulo, o maestro Pedro Cameron veio para Rio Claro em 1982 com o objetivo de iniciar o projeto de criação da orquestra sinfônica. Em entrevista ao Diário do Rio Claro, o músico que dirige o conservatório Solar das Artes falou sobre a carreira, seu trabalho pedagógico e de composição.
O ano era 1982 e Rio Claro se organizava para criar uma orquestra. Foi quando o maestro foi convidado para implantar o núcleo dos instrumentos da família das cordas. “Foi o embrião da orquestra sinfônica que temos até hoje”, disse o músico que ficou na direção da orquestra durante 16 anos.
Cameron começou cedo no universo da música. Seu instrumento, o violão, conheceu aos 14 anos, quando iniciou os primeiros acordes. “Quem começou a aprender violão foi minha irmã mais velha. Ela fazia aula e passava as lições. Ela parou e eu continuei”, recorda dizendo que a curiosidade o levou a compreender a música, ou seja, entender a linguagem musical.
Desse período até o ingresso no conservatório Santa Cecília, em Santo André onde morava, foi uma questão de tempo. O maestro terminou o curso e, em 1970, foi ser professor no conservatório de Tatuí, na cadeira de violão. “Morei em Tatuí por 23 anos. O trabalho que vim fazer em Rio Claro dei início em Tatuí”, explica se referindo ao projeto de formação de orquestra com jovens músicos. “Criamos o primeiro núcleo da orquestra de Tatuí em 1975 e a orquestra continua até hoje”, relata.
Em 1977, em Sorocaba, também deu início a um núcleo de formação de músicos. “Acabou virando uma especialização minha. A formação de núcleos orquestrais”, destaca o músico que deu aulas em São Paulo por 20 anos. “O que você aprende ao longo da vida tem obrigação de passar. Esse conhecimento deve ser repassado. Por isso meu trabalho pedagógico”, frisa.
TRIO
Além do trabalho pedagógico, Cameron mantém o Violões Artes Trio com os músicos Welton Nadai e Priscila Giusti. “Há dez anos começamos o trio. O violão é um instrumento muito conhecido, então é ideal para difundir a música. Procuramos levar os principais nomes de compositores da música erudita para o conhecimento das pessoas visando a formação de público. Ou seja, levar a quem não tem acesso mesmo”, conta.
COMPOSIÇÃO
Cameron é compositor e já angariou alguns prêmios em sua trajetória. Vale destacar os repentes para Violão, Trilogia e o prêmio alemão Perspectivas. “É uma daquelas surpresas que a vida reserva. Você nunca sabe se o que está fazendo tem algum valor. Quando ganhamos um prêmio como o que ganhei na Alemanha é o reconhecimento de um trabalho da vida toda. Tem que ter algum significado”, brinca.
O maestro afirma ainda que o ponto de partida de suas composições é a tentativa de buscar o novo. “Não tenho essa preocupação de escrever para trás, mas do momento que vivo”, salienta. Ele já escreveu três sinfonias tonais para orquestra e duas sonatas.
Questionado sobre as influências, o maestro afirma que o artista é produto do meio. “É difícil falar de influência. O artista sofre todas as influências dos seus contemporâneos, aliado a busca do passo adiante do seu tempo”, reflete. Para ele, o artista está sempre tentando retratar o momento em que vive. “É a busca da estética do momento pra aplicar na música”, diz.