Esquecidos do que sustenta um país, ficamos empolgados com a campanha eleitoral, que gera mais intenções que fatos, e esquecemos da realidade que gera ou desestimula investimento, cuja consequência é a existência de emprego ou desemprego. Agora mesmo parece ter passado sem que a maioria tivesse percebido, a constatação de que, depois de cinco anos, a taxa de retorno das empresas volta a superar a taxa Selic, o juro básico do Banco Central. Lembro-me do tempo em que era mais negócio aplicar no overnight que na empresa. Aplicação financeira pura, especulativa, sem gerar riqueza, nem produção, nem emprego.
Era uma tragédia. Eu havia aplicado um milhão e lucrava 400 mil por mês, que saía do salário dos que não tinham sobras para aplicar. Absoluta injustiça social.
Agora voltou a atração para investir e apostar em resultado e não em juro. A taxa de retorno da economia real foi maior que a taxa básica de juros. O retorno das empresas (no caso, de capital aberto) superou o dos aplicadores em renda fixa (média de 8,4% de retorno, contra 7,1% da SELIC nos últimos 12 meses).
Na primeira aula de economia, o aluno aprende que quando o retorno sobre o patrimônio é maior que o custo de capital, está satisfeito o primeiro pressuposto para a decisão de investir. O segundo é a projeção de crescimento da economia pelos próximos três anos.
No período entre 2005 e 2011, quando o retorno sobre o patrimônio estava seis pontos acima da SELIC, os investimentos chegaram a 22% do PIB. Os investimentos internos e os externos diretos na economia do país. Uma festa. A partir daí, quando a inflação começou a andar outra vez, com a chegada da “nova economia” da presidenta e sua equipe, a SELIC decolou – bateu em 11,9% – e a rentabilidade dos negócios virou negativa em 2015 – e o investimento despencou.
Um pouquinho de lições da História: Lord Melbourne explicou à jovem Rainha Victoria (tinha 19 anos): “Governar, Majestade, é garantir a sanidade da moeda e a santidade dos contratos.” Ponto. Ela entendeu. Portugal e Espanha entenderam mais de um século depois – e todo mundo agora quer morar lá… A China de Deng Xiaoping entendeu rapidinho! – e o mundo aplaude. A Alemanha já tinha entendido há mais tempo. Outros teimam em não entender, tipo Grécia, Venezuela, Zimbabwe… Entre os que teimam em não entender está muita gente no Brasil: políticos, a esquerda radical e atrasada, os “black blocs” da vida, os “intelectuais” autodenominados progressistas.
Todos muito agradáveis em papo de boteco, que se recusam reconhecer que Singapura deixou de ser um lugar insalubre para ser um país confiável e rico, quando decidiu cumprir os contratos e as leis e manter a moeda estável. Aqui, da boca para fora, resolvem o mundo, mas da boca para dentro só consomem o que é produzido no mundo capitalista, à exceção de seus excelentes havanas.
Por Alexandre Garcia