Você foi impactado pela pandemia do novo coronavírus e teve que passar a trabalhar on-line, vender produtos pela internet ou usar o smartphone para pagar as suas contas? Para milhares de brasileiros, a resposta é “sim”. Para outros milhares, não estar presente no ambiente digital acabou se tornando o principal motivo para o encerramento das atividades comerciais neste momento.
Esta situação revela que, por mais globalizado que o mundo esteja, por mais que o acesso à internet tenha se popularizado no Brasil, os desafios para a digitalização de nossas atividades rotineiras ainda são muito expressivos para muita gente e, inclusive, no poder público. E ser digital não se resume a ter tecnologia, mas também em ter a formação e os métodos de trabalho compatíveis com as plataformas disponíveis.
Quer um exemplo? Por conta da pandemia, as aulas no país tiveram que ser à distância. E, diante deste desafio, estamos vendo os professores, principalmente os de escola pública, sem nenhum preparo técnico para se adaptarem à nova realidade. A escola e os alunos podem até ter computador, acesso à internet móvel ou banda larga, mas faltam softwares e treinamento para que os professores consigam usar a tecnologia para fazer com que um direito básico seja oferecido à população. Falta estruturar procedimentos digitais para a educação.
Esta é uma realidade que se estende a praticamente todos os setores da administração pública, muito além da educação: serviços que poderiam ser feitos por um clique, independentemente de onde estivéssemos, acabam exigindo de nós longas esperas em repartições públicas, demandando tempo e gastos com deslocamento. Isso sem contar quando vamos a algum órgão público para resolver algum problema e descobrimos, apenas na hora, que falta algum documento ou que o procedimento para tal processo mudou.
Apesar de todos estes problemas, há uma luz no fim do túnel: a modernização da legislação tem exigido do poder público que os processos sejam digitais e transparentes, fazendo com que não só a burocracia seja diminuída, como também a gestão do patrimônio público seja mais segura, diminuindo as brechas para a corrupção e facilitando o acesso da comunidade a todos os dados.
Um exemplo clássico de transformação digital que influencia diretamente na vida das pessoas é o PIX, uma modalidade de pagamentos instantâneos anunciada pelo Banco Central. Hoje, para fazer algo simples como uma transferência bancária, precisamos pagar uma taxa para o banco, para fazer um DOC ou um TED, temos que aguardar, às vezes, até 2 dias úteis para a transferência ser compensada e, inclusive, não conseguimos transferir para outros bancos no fim de semana, por exemplo.
Com o PIX, que passa a valer a partir de novembro, vamos conseguir transferir dinheiro em menos de 24 segundos, para qualquer pessoa ou instituição bancária, utilizando um sistema de validação eletrônica. Já pensou no quanto isso vai trazer mais agilidade para os nossos dias e para a nossa economia?
Isso só nos mostra que não basta ter tecnologia, é preciso iniciativa para fazer com que o Brasil seja, de fato, digital. É preciso investir em ciência e aliar a tecnologia já disponível ao investimento em capacitação. Só assim o Brasil estará pronto para ser digital. Para quem não sabe, a palavra “digital” vem do grego “digitalis”, que significa “dedos”. É preciso fazer com que as ferramentas e os processos digitais estejam, cada vez mais, de fato, “nas mãos”, nas pontas dos dedos de todas as pessoas.