O domingo (26) foi marcado por tristeza e homenagens aos profissionais da saúde de Rio Claro que morreram vítimas da COVID-19. Na linha de frente, deram a vida para cuidar do próximo, muitos pacientes passaram por eles e receberam os cuidados, mas os profissionais acabaram atingidos pelo vírus. O fisioterapeuta César Augusto Bergamaschi de 43 anos e a técnica de enfermagem Tânia Misson eram profissionais da rede pública de saúde e atuavam na UPA do Cervezão.
“Quando a morte chega ao lado, quando despedir é necessário, quando não há palavras. Eles foram nossos amigos. Dividiram noites, dias, feriados. Dividiram angústias e preocupações. Eles possuem nome e família. Tinham planos e sonhos como todos nós. Só que eles já não estão mais aqui. Foram levados pela doença, pelo despreparo da instituição que trabalhavam, pelo descaso dos governantes e por interesses diversos e diferentes do que juramos defender. Eles se foram, deixaram família, filhos, maridos e esposas, mães e pais. Ficamos nós sentindo a tristeza, a falta do amigo e amiga. Ficamos nós sentindo que podemos ser os próximos se nada for mudado. Sentindo o descaso e abandono total”, declarou ao Diário do Rio Claro uma médica e amiga dos profissionais.
“Domingo de tristeza. O setor de saúde de nossa cidade perdeu dois profissionais que estavam na linha de frente no combate ao coronavírus. O fisioterapeuta César Augusto Bergamaschi e a técnica de enfermagem Tânia Misson. Eles, que ajudaram salvar tantas vidas, foram vencidos pela Covid-19. Nossos sentimentos aos seus familiares e amigos. César e Tânia vão deixar saudade”, destacou em nota de pesar o prefeito Juninho da Padaria.
HOMENAGEM
Amigos e familiares prestaram homenagens no domingo em frente ao cemitério municipal onde ocorreram os sepultamentos que aconteceram sem velório, como é o protocolo para vítimas de Covid- 19. “Pelo amor de Deus povo, fomos no cemitério para nos despedir dos nossos amigos Cesar Augusto Bergamaschi e Tania Misson da enfermagem da UPA Cervezão. Achei que já tinha sentido todas dores da perda, mas não, nós e nem a família entramos no cemitério, caixão lacrado. Como doe nem os familiares podem ver seus amados. É a pior despedida meu Deus. Não dá para explicar tamanha dor”, relatou nas redes sociais um dos amigos.
“Estou muito triste. Nem sei quantos plantões noturnos a Tânia e eu demos juntos no SAMU. Que Deus a receba e conforte a família”, mencionou outro colega de profissão.
ENFERMAGEM EM LUTO
Diversas outras manifestações foram deixadas, destacando o profissionalismo, dedicação de cada um e amizade. “Não sei expressar a tristeza que estou sentindo. Cada semana perdemos um da enfermagem. Assim não há psicológico que aguente. Meus amigos oramos dia e noite, mesmo assim perdemos vocês”, exclamou um dos amigos.
DESPEDIDA
Foram longos dias internado e do lado de fora do hospital, familiares contavam com o apoio dos amigos por meio de orações. O jornalista que atuou no Diário do Rio Claro Eduardo Sócrates Bergamaschi, pai de Cesar, mesmo com a tristeza, não deixou de demonstrar gratidão. “A todos os parentes e amigos que estiveram conosco, nessa espera, nessa luta, nas orações o nosso muito obrigado. Aos profissionais da saúde, todos indistintamente, que estiveram ao lado dele, que, sabemos, lutaram pela vida dele, os nossos eternos agradecimentos. Agora o nosso menino, voltou a morar na Casa do Pai. Muitos, eu sei vão dizer, ‘que cara pretensioso, como ele sabe que o filho vai para Deus’. E eu me confesso pretensioso sim, mas tenho minhas razões. E a principal é a quantidade de amigos que percebemos que ele tinha. E quem tem amigos nessa profusão, não pode carregar maldade. Ele foi tão bom que cumpriu sua missão mais rápido e, como diz Rolando Boldrin, viajou antes do combinado. Vai filhão, vai para Deus, logo, logo estaremos juntos novamente”, declarou o pai.
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