No dia 4 de agosto em Rio Claro, o aposentado Pedro Paulino, de 73 anos, tentou atravessar com sua bicicleta pela faixa de pedestre, na Rua M-19 com Avenida M-21, no bairro Cervezão, quando foi atropelado, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Em 25 de maio, após ser atingido por uma motocicleta, Gabriel Henrique Reis dos Santos, que estava de bicicleta, não resistiu. O grave acidente foi registrado na Vicinal Jácomo Bincoletto, estrada que liga Rio Claro a Ajapi, altura do Distrito Industrial.
Segundo informações do boletim de ocorrência, registrado pela Guarda Municipal, o condutor de uma moto CG 150 Titan, de 22 anos, morador do Santa Elisa, trafegava sentido Rio Claro quando acabou colidindo o veículo contra duas bicicletas, em uma delas estava Gabriel que caiu no meio da pista, já na outra bicicleta estava um amigo, de 23 anos, morador do Residencial Quirino, que caiu no acostamento. Gabriel acabou sendo atropelado por um veículo Hyundai/Elantra, que segundo apurado, a condutora não teve tempo hábil para frear, atingindo a vítima.
Um ciclista também morreu ao ser atropelado na Washington Luís no dia 27 de março. Segundo informações, o acidente aconteceu na SP-310, km 162+300, altura de Cordeirópolis. De acordo com o registro, o ciclista atravessava a Rodovia quando foi atropelado, ficando sobre a faixa da esquerda de rolamento, na sequência, um segundo veículo chocou-se contra o corpo empurrando-o para o canteiro central. O óbito foi constatado no local. O usuário que o atropelou evadiu-se do local.
Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostrou que quase 13 mil internações hospitalares foram causadas por atropelamento de ciclistas, segundo registros no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2010. Os dados mostram ainda que o gasto foi de R$ 15 milhões todos os anos para tratar ciclistas traumatizados em colisão com motocicletas, automóveis, ônibus, caminhões e outros veículos de transporte. Além disso, na última década 13.718 ciclistas morreram no trânsito após se envolverem em algum acidente, 60% deles em atropelamentos.
“No trânsito, o maior deve sempre cuidar do menor, ou seja, o carro motorizado deve ter o cuidado maior com o ciclista”, pondera Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet. Para ele, no entanto, é importante que o ciclista também cumpra as regras de trânsito. “É fundamental que conheça as regras de trânsito e cumpra as regras de trânsito. Devem evitar transitar por vias que não oferecem infraestrutura adequada ou sem equipamentos de segurança previstos em lei, como de proteção individual, lanternas, campainhas e espelhos retrovisores”, alerta.
De acordo com a Abramet, os dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), ambos do Ministério da Saúde, mostram a urgência de ações que levem ao uso seguro desse meio de transporte. No período analisado, o número de atendimentos hospitalares desse tipo de acidente aumentou 57%, passando de 1.024, em 2010, para 1.610, em 2019. Só neste ano, até junho, pelo menos 690 internações foram registradas no SUS. Segundo o levantamento, 84% dos ciclistas internados eram do sexo masculino e metade dos ciclistas internados tinha entre 20 e 49 anos de idade.
Mesmo com redução do volume de veículos nas ruas e do isolamento social adotado em todo o País devido à pandemia, o número de internações de ciclistas acidentados continuou alto no primeiro semestre. Na comparação com igual período de 2019, as internações tiveram baixa de apenas 13%. “É uma queda pouco expressiva, se considerarmos que o primeiro semestre foi de quarentena. Isso pode estar associado ao aumento de velocidade e à imprudência, impulsionadas por esse momento de menor fiscalização”, avalia Carlos Eid, coordenador do Departamento de Atendimento Pré-Hospitalar da Abramet.
FATALIDADE
Para a Abramet, são necessários espaços físicos diferenciados, mais sinalização e ações educativas que alertem para o fato de que todos fazem parte do trânsito e devem ser respeitados. “Sem isso, esses indicadores continuarão subindo. É preciso uma mobilização do poder público, com o apoio das entidades médicas, para criar ações conjuntas e efetivas para combater este cenário”, acrescenta o presidente, frisando que a Abramet pode colaborar nesse esforço.
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