As notícias que chegam dos países desenvolvidos sobre a recuperação da economia, apontam para um fato incomum até então. Apesar da eminente recuperação, a falta de trabalhadores para ocuparem as vagas oferecidas é um fenômeno real e muito preocupante.
Nos Estados Unidos, por exemplo o assunto é tratado de forma tão relevante que a discussão do tema já chegou ao Senado americano. São várias as razões que vêm sendo debatidas no sentido de encontrar soluções para o problema que atinge a maioria dos estados americanos. A Europa enfrenta os mesmos problemas da falta de profissionais para preencher as vagas que são oferecidas pelo mercado.
No Brasil o problema existe, é real e complexo. Mas apesar de ainda estar concentrado em áreas e atividades específicas, ele se espalha rapidamente.
Este fenômeno abre uma série de possibilidades e necessidades que até então ficavam restritas às paredes das salas dos executivos nas grandes corporações.
E a principal delas é a forma como as empresas deverão tratar a questão da relação capital trabalho, num mundo onde as pessoas, de alguma forma, mudaram seu jeito de pensar, de agir e de viver.
Não foi só o mercado que mudou. Antes, as pessoas mudaram e influenciaram a mudança do mercado de trabalho num contexto jamais pensado e com tamanha velocidade.
Essa mudança tem feito com que as vagas disponíveis não sejam preenchidas na velocidade que os recrutadores esperavam. Muitos deles, baseados em valores passados, tinham como certo que ao primeiro sinal de retomada, os profissionais estariam ali na porta, somente esperando para serem chamados, sob quais fossem as condições oferecidas. Não foi e não está sendo assim.
Os trabalhadores, com maior ênfase para aqueles profissionais de maior qualificação, perceberam que podem, com muita certeza, conseguir um salário maior, aliado a melhores benefícios e, portanto, preferem esperar por uma oportunidade mais vantajosa sob esta perspectiva.
Por outro lado, há uma corrente que identifica nos trabalhadores de menor qualificação, na maioria dos casos, a preferência em viver com os benefícios sociais e complementar parte da renda, para suas necessidades básicas, a partir do trabalho informal – um bico aqui e outro ali.
Mas, o pano de fundo deste cenário, segundo a maioria das pesquisas e estudos até aqui realizados, identificam uma mudança de comportamento e de consciência sobre salário direto e indireto. Os profissionais agora espram o cuidado das empresas para com eles, ademais de um salário justo, definitivamente eles esperam reciprocidade e atitudes efetivas e coerentes, que substitua a retórica vazia, em muitos casos.
A expectativa que os trabalhadores tinham em relação aos seus empregadores não é mais a mesma. Hoje eles esperam muito mais, principalmente quando se trata do cuidado com a saúde – sob vários aspectos. Houve uma mudança de prioridades, a pandemia acendeu a luz vermelha para muita gente.
As pessoas começam a encarar o trabalho, prirotariamente, como fonte de prazer e de realização profissional e não simplesmente como um “escambo”: trabalho por dinheiro. Os profissionais agora, dão muito valor à cultura organizacional que promova participação e respeito e à forma como podem ter mais qualidade de vida.
Há muito por caminhar, ainda. Há muito por fazer, e será preciso muita consciência para uma nova forma forma de agir.
Ainda teremos muito que conversar sobre isso e com certeza, o faremos aqui neste espaço, porém fica a dica: é preciso compreender que a Lei da oferta e da procura, agora, possui outros ingredientes.
Até…
O autor é conferencista, palestrante e Consultor empresarial. Autor do livro Labor e Divagações. Envie suas sugestões de temas para o prof. Moacir. Para contatos e esclarecimentos: moa@prof-moacir.com.br / Viste: www.prof-moacir.com.br