Outro dia, me pus a pensar sobre como seriam, ou de que maneira estariam descritos – seja na linguagem, seja na forma de uso dos pronomes etc –, os Dez Mandamentos bíblicos se fossem elaborados hoje. Irei aqui tentar adaptá-los à realidade do mundo atual, sem exagerar nos neologismos do internetês, mas ao mesmo tempo sem negar a evolução dos tempos.
O primeiro deles, que é o que fala de “adorar somente a Deus”, “não ter outros deuses” e que Ele deve ser colocado em primeiro lugar nas nossas vidas poderia ser assim aplicado: “Saiba gerenciar o teu tempo e dedicar parte do teu dia (da tua semana, da tua vida, enfim) às coisas que vão elevar teu espírito de modo definitivo. Se você não crê no Deus judaico-cristão, não deixe de, ainda assim, se pôr a refletir sobre sua existência e sobre como você pode efetivamente contribuir para que tua vida e a daqueles que, direta ou indiretamente, são de alguma forma impactados por ela, possa melhorar”.
Em seguida, quando se fala em “não fazer para ti imagens de escultura”, poderíamos adaptar da seguinte forma: “não se prenda demasiadamente aos objetos materiais – como quem, seja em nome de “recordações” ou de “raridades”, se torna desses acumuladores que vemos nos programas de TV – nem às coisas e fatos cotidianos, dedicando-se àquilo que, ao fim e ao cabo, só servirá para você mesmo, como massagem de ego, alento ou algum sentimento considere ‘bom’”.
No terceiro item, vem a orientação para “Não tomar o nome de Deus em vão”. Vale aqui o mesmo que foi dito sobre o Primeiro dos Mandamentos: “se não crês naquela forma de Deus majoritariamente aceita ao longo dos tempos, entenda que essa exortação trata sobre não ficar procurando desculpas ou se apoiando em exemplos, pessoas, fatos e circunstâncias, seja para se vangloriar ou para se vitimizar. Principalmente, não terceirize suas dívidas, seus erros. Encare-os com honestidade, hombridade e sinceridade”.
Depois, quando se diz para “Guardar o dia” (Sábado ou Domingo? Não é exatamente isso que importa…), o entenda como um incentivo ao famoso “tempo de qualidade”. Tente realmente separar um dia da semana para estar com sua família (com quem você assim considerar), para se dedicar a eles e se desligar do teu trabalho, das tuas preocupações. Se (pre)ocupe com o eventual silêncio daqueles que estão ao teu redor. Às vezes, uma simples pergunta pode ajudar muito na questão.
Na sequência, lê-se “Honra teu pai e tua mãe”. Simples de se entender: seja grato a todos aqueles que cruzaram o teu caminho e te ajudaram, minimamente que seja, mas, acima de tudo, procure retribuir, principalmente a quem fez e faz sacrifícios por você.
Depois da primeira metade, os outros mandamentos todos trazem as proibições de atos e pensamentos que são de certa forma universalmente aceitos, visto que as constituições, códigos civis e penais da maioria das nações os adotam em alguma medida. Não machuque, não fira, não mate. Não roube nem oculte. Não calunie nem difame. Não traia a confianças das pessoas ao teu redor. Não seja invejoso. Como diz a sabedoria popular, não deseje para os outros aquilo que você não quer para si mesmo.
Jesus afirma, no Novo Testamento, que os Dez Mandamentos são na verdade dois, e que “toda Lei e os Profetas” se resumem neles: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Se pra você, caro leitor, as palavras de Jesus são datadas ou mesmo duvidosas, as resumo assim: não estamos no controle de nossas vidas em nenhum aspecto. É nosso dever, portanto, sermos humildes, gratos e respeitosos.