O novo delegado seccional de Rio Claro, Paulo Cezar Junqueira Hadich, de 55 anos, se apresentou na tarde de ontem (5). Durante uma coletiva de imprensa, destacou a trajetória na polícia e como deve proceder com os trabalhos em Rio Claro e cidades que compõem a sub-região. “Doutor Paulo Nabuco fez um grande trabalho na cidade, agora estamos assumindo a titularidade da delegacia seccional”, comunicou.
O delegado destacou que a primeira providência é conhecer toda a região. “Conheço as cidades da região, agora vou conhecer por dentro a polícia e as necessidades de segurança da região. Conheço alguns policiais, conversamos longamente com os delegados na tarde de terça-feira e conhecendo cada cidade vou conhecer a estrutura da polícia, tanto de prédio, viaturas, equipamentos quanto de policiais. Estamos num momento de grande defasagem de pessoas para prestar serviço junto a polícia e ao mesmo tempo que estamos lutando para trazer mais policiais com alguns concursos em andamento e disputamos com todo o estado para trazer mais policiais pra cá. Nós também estamos vivendo uma mudança do comportamento da criminalidade. A sociedade evolui e a criminalidade também evolui, faz com que haja necessidade de um novo perfil do policial e de uma nova forma de atuação da polícia”, mencionou o delegado Hadich ao fazer uma comparação com o passado. “Muitas vezes comparamos o que fazemos hoje, a quantidade de pessoas disponíveis com aquilo que a gente via nos anos 90, tínhamos muitos mais delegados, investigadores, escrivães. Mas o perfil também era outro, algumas funções daquela época não são mais funções que estão sob nossa responsabilidade, antigamente, tínhamos uma grande cadeia, agora apenas de passagem, antigamente tínhamos a Ciretran, não temos mais essa responsabilidade, todo processo de identificação de pessoas, agora temos o Poupatempo que também assumiu a função, necessitávamos de muitos policiais para transportar inquéritos para o Fórum, hoje tudo isso é feito de forma eletrônica. Então, tudo isso nos obrigou a mudar a nossa forma de fazer, não temos as necessidades da década de 90, mas ainda temos carências que precisam ser supridas e conhecendo todas elas vamos procurar trazer uma nova forma de trabalho que permita desempenharmos melhor ainda aquilo que já é feito tão bem”, afirmou.
Sobre a condução dos trabalhos, o novo delegado seccional disse fazer questão de manter a integração dos setores de segurança. “Parceria na segurança pública é fundamental. Eu tive experiência exitosa quando fui delegado em Iracemápolis, naquela época todas as prisões que fizemos no município, em todas elas estavam presentes a Polícia Civil, Militar e a Guarda Municipal. Quando retornei a Limeira como prefeito, nós criamos um trabalho dentro da Guarda Municipal integrando Polícia Civil e Militar com o trabalho Muralha Digital, e tanto Polícia Civil e a Militar tinha sala lá dentro, onde eles poderiam utilizar justamente para provocar esta integração. A Polícia Militar faz um trabalho preventivo, qualificado, determinado pelas diretrizes do estado, a Guarda Civil acaba fazendo complementarmente também esse trabalho e a Polícia Civil trabalha reagindo, aquela que investiga que atua depois que o crime acontece e, dessa forma, fazendo a preventiva especializada. Parece que estamos concorrendo No mesmo espaço, mas não é, nossas atividades são complementares e a junção de todos, andando de mãos dadas, vamos conseguir fazer uma segurança muito melhor, muito mais pró-ativa para população de Rio Claro e da sub-região”, afirmou.
SOLUÇÃO DE CRIMES
Em São João da Boa Vista, conforme divulgado, a Polícia Civil elucidou 51% dos crimes registrados na sub-região do município. Hadich destacou o trabalho para atingir os resultados positivos. “A Polícia Civil é a mesma no estado, as cidades mudam, são questões regionais, culturais, a explosão social, então tudo isso acaba impactando tanto na quantidade quanto na qualidade dos crimes que são mais comuns em determinadas regiões. Nós sabemos que das cidades aqui da sub região, a cidade mais forte em termos de tráfico é a sede, que é justamente Rio Claro, lá em São João da Boa Vista não era o caso, era uma das mais tranquilas em termos de tráfico, mas acabava explodindo em outras cidades da sub-região. O que nós fizemos lá é o que chamamos no jargão ‘colocar os pingos nos is’. Nós temos muitos policiais, todos eles capacitados, mas naturalmente há aqueles que têm mais aptidões para uma função do que para outra. Então, é conhecendo cada um, estando próximo de cada um, caminhando junto com eles e aprendendo como ele poderia contribuir mais e colocando cada um no lugar que ele pode melhor desenvolver, com isso traremos grandes resultados. Um exemplo, lá em São João da Boa Vista nós tínhamos muitos investigadores fazendo plantão, mas foram treinados e preparados para fazer investigação. Fizemos mudanças estruturais e eles foram para investigações e isso com certeza impactou no resultado da grande apuração que conseguimos naquela região”, destacou.
Sobre assumir Rio Claro e as cidades da sub-região com população bem maior de onde vem, Hadich destacou que os desafios são os mesmos. “Temos uma população maior e conflitos maiores, naturalmente, o número de crimes maior. Mas lá também éramos cobrados para dar solução em todos os crimes. Em um homicídio, aquele que está envolvido quer ver a solução e a população em geral também, um crime de furto embora tecnicamente seja um crime hierarquicamente inferior, aquele que foi vítima também quer ver a solução. Então, naturalmente, conhecendo o comportamento da criminalidade vamos traçar diretrizes, sabendo que já há um trabalho sendo muito bem feito e que vamos procurar dar continuidade a profundar dentro dos recursos que nós temos disponíveis”, observou.
Combate ao tráfico
Ao falar sobre o combate ao tráfico de drogas o novo delegado afirmou já ter conhecimento de que das cidades da sub-região, a cidade mais forte em termos de tráfico é a sede, que é justamente Rio Claro. “Trabalho de inteligência, ter capacidade de fazer levantamento de dados num volume muito grande e depois extrair deles o que precisamos especificamente para a apuração de um fato determinado. Nós podemos, por exemplo, encontrar o sujeito que faz a venda da droga, mas por trás dele existem pessoas que não colocam a mão diretamente na droga, mas têm propriedades, têm veículos, tem uma vida e um comportamento que nos permite comprovar através deste trabalho de inteligência que está envolvida no crime e ela nos interessa muito mais do que o vendedor final. Todos eles têm que sofrer ação da polícia para interromper essa ação criminosa, mas esse que está acima é o de nosso maior interesse”, destaca sobre o combate do tráfico de drogas em Rio Claro.
O caso Gabrielli
“O delegado plantonista tomou atitude que tecnicamente avalio correta. O inquérito foi instaurado e hoje está sob responsabilidade da DIG. Apesar da fatalidade ter sido grande, nós acreditamos que em muito pouco tempo o inquérito esteja concluído e encaminhado ao Fórum”, explicou o delegado sobre a morte da jovem Gabrielli Mendes da Silva de 19 anos.
Vida Política
Hadich salientou ainda que sua experiência política como prefeito de Limeira, contribui também para o trabalho na polícia. “Toda experiência, aprendemos mais. Administrar 7.400 pessoas, 23 secretarias e atendendo uma população de 300 mil habitantes como Limeira com necessidades diversas, isso te dá bagagem e visão muito mais ampla para poder fazer o trabalho. Hoje como delegado seccional a minha visão é cuidar da população das oito cidades da sub região dentro da área da segurança, mais do que a segurança propriamente dita, trabalharmos para provocar junto com as outras forças de segurança uma sensação de segurança que são coisas distintas e isso com certeza essa experiência anterior dá uma visão um pouco diferente do que eu vivi antes”, finalizou.
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