Já são mais de 100 dias que estamos nessa. E o estrago está feito. Nada será como era antes. Muitas empresas não irão reabrir, muitos empregos não serão mantidos e nem recuperados. Teremos que reinventar a roda. Como faremos, não sei.
As pessoas, a maioria, se mantém alienadas, passando boa parte do tempo nas redes sociais, onde se arrogam detentoras da verdade e da justiça.
Outras, preferem acompanhar com espanto, a ocorrência de fenômenos climáticos, que anunciariam o apocalipse, decorrente da aproximação de um astro intruso de enormes proporções e poder de atração gravitacional inimaginável.
Agora, sejamos sensatos. Pergunte a George Soros ou alguém membro da família Rockfeller se estão preocupados com isso. Se a coisa azedar por aqui, não lhes faltará recursos para dar no pé, a bordo de possantes naves espaciais com o selo Starlink do magnata das estrelas Ellon Musk.
A realidade, entretanto, para a maioria das pessoas, é bem outra. Falta de ocupação útil, de dinheiro, de esperança. Pela primeira vez na história do mundo, estamos todos no mesmo barco, em meio à tempestade. Sobreviveremos? O tempo dirá.
Mas, esteja certo, você, querido leitor. Ao final de tudo, se restar alguma coisa, os ricos continuarão ricos, e os pobres estarão cada vez mais pobres.
Afinal, o dinheiro, que é fruto do esforço de todos que trabalham, estará, como sempre, nas mãos de meia dúzia de indivíduos, que se dizem nossos representantes. Será usado esse abençoado dinheiro, em benefício deles próprios. E aos que trabalham, como sempre, restarão a migalha e a esmola.
Quando tudo terminar, muitas pessoas não terão possibilidade e nem disposição para reconstruir suas vidas. Se descobrirão irremediavelmente à margem da sociedade. Irão procurar os serviços sociais, cuja demanda só tende a aumentar na mesma proporção que a oferta diminuirá. Estariam nossos representantes preocupados com isso?
O que temos visto até agora são medidas paliativas, mas não se vê um plano de ação para enfrentar a crise provocada pela pandemia do covid-19. E pior, não se encontra quem nos lidere. Quem deveria fazê-lo, prefere se ocupar da disputa pelo poder político, uns para obtê-lo, ainda que na marra, e outros, para se manter nele.
E nós? Ah, sim. Logo seremos lembrados. Espero ansiosamente que venham bater no meu portão, com cara de paisagem e me prometendo coisas.
Vê-se o esforço das autoridades e de alguns de nossos representantes, no enfretamento da pandemia, mas não se vê competência e tenacidade igual àquela demonstrada pelos nossos valorosos profissionais da saúde. E uma guerra, tal como a que enfrentamos, sobretudo diante de um inimigo que não se vê, como o bendito vírus, não se vence apenas com boa vontade.
Fique em casa, tem sido o mantra de todo santo dia. Use máscara. Porque se não usar, vai doer no bolso. E brasileiro só entende o princípio coercitivo da lei, quando é atingido no bolso.
O vírus que nos assola, contudo, é teimoso, persistente, não irá pegar sua malinha e rumar para o aeroporto. Chegou para ficar, sem avisar e sem pedir licença. Oba! Ok, gente boa. Cheguei!
Da sociedade, exige-se tudo, como sempre. Mas, quem deveria dar o exemplo, e abdicar ao menos um pouco de seus privilégios, se recusa a fazê-lo. Bilhões de reais destinados ao fundo político partidário. Salários e benefícios preservados, pagos com o dinheiro de um povo, como o nosso, confinado entre quatro paredes, sem poder trabalhar, mas tendo que lutar para sobreviver.
Tenho plena convicção de que o problema não está nas instituições. Mas sim, nos homens que as conduzem na atualidade. Incapazes de vencer o egoísmo e o orgulho que lhes é próprio condenam irremediavelmente o Brasil, pátria amada, à destruição.
Sempre houve, ao longo do tempo, aqueles que, em momentos tão difíceis como os que se vive agora, surgiram para nos trazer esperança, nos mostrar um caminho, nos insuflar ânimo e coragem e disposição para a luta. Onde estão esses homens, que agora não surgem? Acaso, ainda existam? E se existirem, por que o seu silêncio, e a sua falta iniciativa? Aceito sugestões.