Como você reage quando não tem a menor ideia a respeito de alguma coisa? Um assunto assim, numa roda de conversa entre amigas e amigos num fim de semana, num churrasco, algo que, de repente, alguém fala e que, pelas suas contas, nem duas pessoas ali sabem de fato?
A reação mais comum é achar a pessoa uma chata e fugir dali ou mesmo tentar encaixar uma piada no meio de uma frase. Todo mundo ri e pronto, a gente se sente inserido no grupo.
A Ciência, sobretudo a física, tem muito a nos ensinar a respeito da nossa ignorância. E, sabe, ser ignorante sobre determinado assunto é até bom! Para a ciência, é meio caminho andado, porque o desconhecimento pode gerar uma série de perguntas.
É preciso ser criança o tempo todo. E, melhor ainda, ser uma criança eternamente naquela fase dos “porquês”, perguntando tudo. Chata para muitos pais, genial para o mundo.
É assim com o nosso conhecimento sobre o Universo. Você pode achar que nós já resolvemos essa parte com o modelo do Big Bang, que mostra a origem do Universo a partir de um único ponto de densidade infinita dando origem ao espaço, ao tempo e a toda matéria que nele existe.
Só que não. As observações experimentais cada vez mais precisas comprovam de fato essa origem, mas traz um monte de outras questões e coisas as quais não temos a menor ideia, ainda. E vamos nessa aventura de conhecimento gerando ignorância e vice-versa cada vez mais tudo ao mesmo tempo agora!
É como um Lego. Uns tijolinhos básicos de construção, que são os elementos, permitem a criação de muitas outras coisas no nosso Universo. Essas pecinhas básicas são as partículas que formas os átomos que, por sua vez, formam a matéria: Eu, você, seu cachorro, estrelas, planetas, poeira, o presidente, pedras, tudo.
Apenas três partículas são necessárias para formar a matéria normal: elétrons e os quarks up e down. Porém, no século passado físicos descobriram outras nove partículas de matéria e outras cinco responsáveis por forças fundamentais da natureza.
E por que temos essas partículas extras? Por que estão por aqui? Para que servem? Não temos a mínima ideia.
Mas a santa ignorância não para por aí. Se por um lado apenas três partículas dão conta de construir estrelas, planetas, pizzas e boletos (aff), tais coisas compõem apenas uma fração minúscula do Universo. O tipo de matéria considerada normal, essa que conhecemos e de que somos feitos, é, na verdade, rara no Universo. De toda matéria existente, essa é apenas 5% do total.
E do que são feitos os outros 95%? Adivinha! Não temos a mínima ideia. Assim, pra resumir: Só conhecemos 5% das coisas do Universo. Outros 27% chamamos de matéria escura, que modifica a velocidade de rotação das galáxias, e 68% restantes são de “energia escura”, uma espécie de “força” contrária à gravidade responsável por acelerar a expansão do Universo.
Há legiões de cientistas ao redor do mundo tentando explicar tudo isso que não sabemos, e tantos outros tentando fazer experimentos na tentativa de se comprovar algo.
E ao fim, é essa ignorância que gera perguntas, ali na fronteira entre o conhecido e o desconhecido que nos move em todas as áreas do conhecimento. Uma aventura sem dogmas, nem verdades absolutas, a ciência pode ser limitada, mas é o bem mais precioso construído por nós.