Poucos jovens conhecem o nome do sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonista Noel de Medeiros Rosa, artista que marcou a história da música brasileira. Mas ele vive até hoje, pois suas canções ainda são cantadas por aí, passando de avó para filhos e netos, devido à popularidade de suas letras e melodias.
Quem não conhece ou cantarola de vez em quando a música Com que Roupa – seu primeiro sucesso no carnaval de 1931, Fita Amarela, Pierrot Apaixonado ou As Pastorinhas? Se você é jovem, por certo não sabe que essas músicas e outras que canta por aí são de autoria de Noel Rosa, intitulado O Poeta da Vila, que me faz chorar com sua música Três Apitos.
Nascido em Vila Isabel em 1910, Noel Rosa viveu somente 27 anos. Mas foram anos de muita luta e superação, pois nasceu com um afundamento na face, causado por fórceps, que o comprometeu por toda vida, tanto física como psicologicamente, pois tinha dificuldades em mastigar e sentia-se constrangido em eventos sociais.
Apesar de tudo, sua juventude foi marcada por anos de glória, pois O poeta da Vila não se deixou abater: compôs mais de 300 letras e muitas músicas, que logo se tornaram sucesso.
Excelente cronista do cotidiano, suas canções falam de amor, de encontros e desencontros, primando pelo humor e pela veia crítica. Sua contribuição foi fundamental para a legitimação do samba de morro, fortalecendo o elo entre a classe média e o rádio, principal meio de comunicação naquela época.
Boêmio por natureza, morreu tuberculoso e deprimido, no auge do sucesso. Embora sem registros visuais de sua glória, entrou para a história da música popular brasileira e é homenageado até hoje. Além de ter suas músicas presentes em inúmeros filmes brasileiros, as teve também em trilhas musicais para o cinema.
O Poeta da Vila já foi personagem de cinema e televisão. Dentre outros, no filme O Mandarim foi interpretado por Chico Buarque e no filme Noel – Poeta da Vila, Rafael Raposo o interpretou. No teatro, serviu de inspiração a Plinio Marcos, no drama O Poeta da Vila e Seus Amores, que ficou em cartaz no Sesi por mais de dois anos.
Já a Escola de Samba de Vila Isabel, da Zona Norte do Rio de Janeiro, homenageou Noel Rosa em 2010, em seu enredo de Carnaval, com o samba do compositor Martinho da Vila: A Presença do Poeta da Vila. A escola conquistou a quarta colocação na apuração final.
In memoriam, em 2016 foi homenageado com a Ordem do Mérito Cultural do Brasil, na classe de grão-mestre. Em reconhecimento à sua soberania como sambista, na entrada da Vila Isabel, no Rio de Janeiro, pode-se apreciar uma estátua onde um garçom serve Noel Rosa.
Em Rio Claro, neste início de outono de 2019, o Centro Literário Ipsis Litteris presta homenagem a Noel de Medeiros Rosa, O Poeta da Vila e de todos os brasileiros, com o II Sarau Literário. O evento tem início às 19 horas do dia 30 de março, no Gabinete de Leitura, sob a batuta do maestro Millo Ribeiro.
O Sarau será enriquecido com a bela voz do músico Cerebelo e poesias dos integrantes do grupo e outros presentes. Músicas e poesias serão interpretadas em libras por alunos da professora e poetiza Verena Venâncio. Um banho de cultura, aberto a todos que se interessam pela boa música brasileira. Você é nosso convidado!