“Todos tomam os limites de sua própria visão como sendo os limites do mundo.” A frase, do filósofo alemão Arthur Schopenhauer tem a força de uma constatação.
Nossa ânsia por certezas, por algo que nos dê segurança muitas vezes nos leva a querem ver apenas aquilo que queremos. Mas, num mundo cada vez mais e mais avançado na aquisição de conhecimento e dados, alguns comportamentos parecem estar com os dias contados.
A pandemia, somada à polarização política que sequestra temas e se apropria de discursos falsos e negacionistas deixa tudo isso mais evidente.
Como será possível alguém nesse nível de obscurantismo fazer seu discurso medieval sobreviver diante de avanços como a computação quântica, a inteligência artificial, e todas as consequências?
Mais do que gente “anti”, precisamos de humanistas que possam pensar nos rumos que tomaremos para esse novo mundo que se nos apresenta, com as maravilhas e assombros que poderão ocorrer nesse futuro que já está aí batendo à nossa porta.
Precisamos de jovens que sonhem em ser muito além de “Instagramáveis”, “Youtubers” ou “dançarinos de Tik Tok”, e que possam contribuir com suas inteligências orgânicas para pensar, descobrir e assumir um mundo muito diferente.
Precisamos de gente que faça arte, que faça ciência!
Do mesmo jeito que um buraco negro no espaço modifica de maneira dramática e irreversível os padrões de matéria e energia que estão próximos de seu horizonte de eventos, o que veremos acontecer em breve irá transformar cada vez mais a vida humana, do modo de viver à nossa espiritualidade.
E já há mostras dessa mudança em curso. Enquanto grupos se alimentam em seu fanatismo infantil, em sua intolerância e sua ignorância, empresas gigantes de tecnologia, como Google, Amazon, Microsoft, IBM travam uma batalha silenciosa. Grupos de pesquisa nessas empresas correm para apresentar o primeiro computador quântico de uso em larga escala.
Com a computação baseada em qubits, problemas que computadores convencionais levariam milhares de anos para solucionar, serão resolvidos em segundos.
Tivemos uma mostra disso em setembro de 2019 quando a Google anunciou que atingiu a supremacia quântica em seu computador quântico experimental Sycamore, resolvendo em minutos um problema matemático que levaria 10 mil anos para um computador convencional resolver.
Imagine então quando esses computadores estiverem sendo usados em larga escala, e com inteligência artificial operando neles e aprendendo, aprendendo.
Onde estarão as pessoas que não procuraram acompanhar esses avanços, a prestar pelo menos a atenção ao que está acontecendo ao seu redor? Onde estarão os fanáticos presos em suas certezas infantis e seus discursos de negação, de anticiência?
E há outros avanços vertiginosos, na biologia, com as novas vacinas de RNA, na química, na física, tudo cada vez mais rápido. Essa conversa fiada de negacionismo vai virar folclore, coisa inusitada.
Enquanto isso, alguns desses vão deixando seu rastro de consequências nefastas, de sequestro de mentes ingênuas e assustadas com um mundo onde não conseguem se enxergar. Que possam se libertar e ampliar sua visão para muito além daquilo que acreditam. Ou vão ser atropelados pela História.
Claro que a salvação não está só na ciência, nem só na tecnologia. Consequências trágicas poderão surgir.
Por isso precisamos, mais do que nunca de gente que saiba reinventar o amor, a paz, e a alegria de fazer o bem para os outros.
Afinal, a gente vive aqui. Compartilhamos um planeta e uma época, como dizia o Carl Sagan, nesse minúsculo pedaço de rocha e água que é Terra. Está em nossas mãos fazer dessa casa um lugar menos difícil de se viver!