Celebra-se hoje, 1º de setembro, o Dia da Bailarina ou Dia do Bailarino. O intuito e prestar justa homenagem àqueles que dedicam a vida ao balé (ou ballet), estilo de dança advindo do século XV, na Europa renascentista, e que viria a conhecer o seu ápice quando do século XIX. Presentemente, assumiu múltiplas variações que são embasadas em estilos fundamentais: o clássico e o contemporâneo.
O Diário conversou com virtuosas bailarinas rio-clarenses que, gentilmente, se prontificaram a relatar o nobre sentimento que as move. Dentre elas, Ana Flávia Simões, 31 anos, que enfatiza: “A dança, para mim, é quase vital.”
Ana conta que começou com cinco anos e nunca mais parou. “Com 16, me formei no ballet clássico e jazz e, assim, meu hobby se tornou profissão. Foram muitos festivais, campeonatos, shows, gravações, publicidades e por aí vai”, relembra.
A bailarina relata que, aos 19 anos, teve início sua história no Domingão do Faustão, da Rede Globo de Televisão, que perdura até hoje. “Entre aplausos, sorrisos e muitas coreografias, me tornei a mulher que sou hoje, dançando em frente às câmeras”, expõe.
Ana Flávia foi campeã da “Dança dos Famosos”, do programa global dominical e, através da arte da dança, pode levar alegria para todo o país. “Foi uma das experiências mais especiais e inesquecíveis que vivi nesses 11 anos dentro do programa”, garante.
Por fim, certifica: “Sou muito feliz por viver da dança, ter boas oportunidades e principalmente por poder trabalhar com o que mais amo fazer.”
Gabriela Dantas, 19 anos, também falou ao Centenário. De acordo com ela, tudo começou como um passatempo, quando tinha apenas quatro anos. “Na escola, as aulas de ballet eram opcionais. Meus pais me colocaram para que eu fizesse alguma atividade e, logo de cara, me empolguei e não perdia nenhuma aula. Foi nesse período que fiz minha primeira apresentação em um palco.
Coreografia não muito complicada devido à minha idade, mas era como um sonho para mim. Com meus sete anos, incrementaram jazz e ginástica artística na escola. Daí comecei a praticar os dois junto ao ballet. Até fizemos uma apresentação que foi televisionada. Me recordo até hoje da emoção que senti quando me contaram.
Me senti uma verdadeira artista. Aí já estava apaixonada pela dança em geral”, recorda-se. Mais tarde, teve que mudar de escola e parar com as aulas, mas por influência de uma amiga, foi procurar uma academia de ballet, onde deu início à vida de correria atrás dos camarins e competições. “Sempre fazendo isso com amor e almejando o primeiro lugar”, afirma
Gabriela conta que obteve diploma que a reconhecia como capacitada a ministrar aulas. Assim sendo, começou como auxiliar em algumas aulas e, posteriormente, passou a administrá-las sozinha. A bailarina confidencia que ficou sem dançar por dois anos, já que não possuía, à época, condições.
Mas destaca: “Sempre com vontade de voltar. Foi então que surgiram as aulas de ballet, jazz e street jazz no Floridiana Tênis Clube. Já era sócia e não perdi tempo: me inscrevi na primeira aula de todas as modalidades e não parei mais”, rememora.
Hoje, é professora e aluna da Companhia de Dança Floridiana Tênis Clube, onde pode experimentar coisas novas e apaixonar-se cada vez mais pela dança, participando de competições, workshops, apresentações e festivais.
“Na dança, encontrei uma paixão, uma vontade de evoluir, uma outra família onde todas compartilham o mesmo sentimento que o meu. Apesar de começar como um sonho de mãe em ter filha bailarina, esse se tornou meu sonho e sigo buscando torná-lo cada vez melhor, transmitindo ao público o encanto que sinto por essa arte”, garante.
Paula Fernanda da Cruz Souza, 31 anos, jornalista/analista de comunicação, começou a dançar aos nove anos. De acordo com ela, ao contrário de muitos, que já começam aos três anos. “E desde o primeiro dia de aula, já me encontrei naquela arte que sempre me ensinou demais. Dancei até os 30 anos e parei por uma escolha pessoal mesmo, devido à dificuldade de conciliação com a vida profissional, pois os horários já não batiam mais.
Também tenho uma lesão no tornozelo que me incomodava no final da carreira e que exigia de mim muitos cuidados como fisioterapia e acupuntura e, pela correria, acabei abrindo mão.” Ela descreve que foram 21 anos muitos intensos na dança, uma vez que se formeu no ballet clássico, jazz e dança contemporânea pela Cadência Ballet de Rio Claro, com a qual também esteve em muitos festivais e mostras competitivas pelo Brasil.
“Entre as principais realizações estão minhas apresentações no Festival de Dança de Joinville (palcos abertos e mostra competitiva), onde estive por dois anos (é o maior da América Latina e, para dançar lá, é necessário passar por uma seletiva antes). Estive lá aos 15 e aos 16 anos. Também tive a oportunidade de fazer aulas no Ballet Bolshoi do Brasil, que fica em Joinville, e vivenciar de forma mais profunda os ensinamentos da dança”, conta.
Paula afirma que a dança é para a vida, pois ensina lições que vão muito além de posições corporais e passos. “Aprendemos disciplina, aprendemos a lutar até conquistar e a dar valor para pequenas coisas e, principalmente, a dar valor para os sentimentos, que são sempre muito intensos e aflorados quando se exerce a dança. Recomendo a dança, em qualquer modalidade, para todos: costumo dizer que se todos conhecessem o que a dança faz com o corpo, alma e mente, todos dançariam, pois é um trabalho integrado que reflete em personalidade e qualidade de vida.”
Hoje grávida, diz ter certeza que seu período como bailarina lhe ajuda até hoje, pois a memória de um corpo ativo pode proporcionar uma gestação melhor no sentido físico, com poucas queixas. “A dificuldade, quando se para de dançar, é encontrar outra modalidade que nos preencha tanto quanto a dança. Hoje, faço outros esportes, mas confesso que só a arte nos deixa completos”, afiança.
Por fim, deixa uma valiosa dica: “A dança é intensa e exige intensidade também. Só deixo aqui a dica de que a manutenção da sanidade é importante: então, se sentir necessidade de apoio psicológico quando algo fugir do controle, busque. Tive muitas amigas e alunas (nos anos em que dei aula) que se perderam em meio aos transtornos alimentares e sobre eles digo uma coisa: o corpo perfeito é o seu corpo, e não do outro. Este alerta é muito importante, pois muitas vezes sonhamos com algo que não é nosso, e isso pode nos fazer adoecer. Que a dança possa preencher todos que a buscam, assim como hoje eu me realizo só de lembrar pelos intensos 21 anos que vivi com ela na prática”, encerra.