Quatro da manhã? Sério mesmo? Não sei você, leitora querida, leitor fiel, mas dei pra acordar todos os dias às 4 da manhã. Antes eram às 6, depois às 5. O que seria isso? Necessidade de aproveitar melhor o tempo, afinal, a vida se esvai.
O fato é que sempre gostei de acordar antes do sol. Vê-lo nascer no horizonte, lá pelos lados da Bela Vista. Preciso disso. O nascer do sol, é algo que me faz bem. Renova as minhas forças, a minha vontade, a minha esperança.
Adquiri recentemente o hábito de pensar o seguinte, anote aí: Se acontecem as coisas ruins, as boas também acontecem, pode crer, chefia. Podem demorar um pouco mais para acontecer, mas, acontecem.
Porque, afinal, a felicidade é uma construção. Demanda tempo, esforço, algum conhecimento, e uma dose de sorte. Não há como tirar dessa equação o elemento sorte. Ele cabe em qualquer lugar e qualquer situação, relacionadas às coisas e aos fatos para os quais não há resposta.
E a bem da verdade, o que seria da vida sem esse tempero gostoso que é a sorte, privilégio de alguns?
A busca por respostas racionais para tudo nos desumaniza. E não gosto disso. A sorte e o acaso, fazem parte da vida. Quer queiram quer não. Os fatos inusitados, surpreendentes, inexplicáveis e inacreditáveis, para alguns tem o dedinho de Deus, afirmam os crentes de carteirinha.
Ora, deixe o Senhorzão lá em cima fora disso! Ele tem coisas mais importantes com as quais se preocupar. Uma delas, é manter a órbita da Terra ao redor do astro rei, o Sol. A outra, é manter as águas dos oceanos e dos rios, no seu devido lugar. E tem muitas outras coisas, fenômenos da natureza para alguns, manifestações naturais da vida, para mim, permita-me, que se não houvesse um sujeito bastante sábio, poderoso e inteligente para ver e para cuidar e tudo isso aqui, maninha, já teria virado um caos.
Alguns malucos por aí acham que do caos virá a ordem. Pensamento típico do sujeito à toda na vida que, na falta de coisa melhor por fazer, gasta o precioso tempo bebendo uísque escocês e inventando teorias mirabolantes que dissemina sem nenhum pudor. Tô fora!
Minha vontade, do dia de hoje, era ingressar numa ordem religiosa. Dedicar-me à prece diária e constante. Guardar no armário, todos os meus personagens, atrás dos quais me escondo, disfarço e expresso, para viver o meu eu interior de verdade. Entregar-me de cara limpa, nu, despido de todo interesse pessoal e toda vaidade, ao silêncio e à solidão.
Já está na hora, já passou da hora de eu tomar essa tão necessária atitude. O mundo me cansa. As pessoas me irritam, tanto quanto eu mesmo me irrito. Basta pensar nas escolhas que fiz, no tempo perdido, nas pessoas nas quais confiei, às quais dediquei minha atenção, meu carinho, meu amor e o melhor de mim.
Você já refletiu sobre isso, maninha? Já lhe fez essas mesmas indagações. Se não as fez, evite-as. Talvez se descubra, como eu, misógina e misantropa. Se é que cabem os termos. Na falta de um melhor, vão estes mesmos.
Uma coisa eu lhe digo, deixe adormecido o leão que existe em você. Dedique-se à sua segura rotina diária de pessoa normal, que cuida de si mesma, da família, do trabalho, que paga as contas e tem necessidade das coisas materiais, de possuí-las.
Pois esse é o mundo em que se vive. É disto que ele é feito. Não se perca em teorias, em pretensões sem fundamento. Seja prática e objetiva. E serás feliz.
As pessoas que falam com eloquência e convicção sobre as coisas transcendentais da vida, falam porque vivem desse falar. Elas dependem disso, de falar sobre essas coisas e de quem as escute. Mas, você não.
Portanto, se você já é bom naquilo que faz, torne-se ainda melhor. Se já possui muita coisa, possua muito mais. Compre mesmo, tudo o que o bendito dinheiro, fruto do suor sagrado do seu trabalho lhe permita comprar.
As pessoas que pregam a miséria como necessidade humana são aquelas que mais possuem, e jamais passaram fome. É bonito adornar o sofrimento humano com adereços de poesia, mas é cínico e desnecessário ao mesmo tempo. É uma utopia que só se cabe nos livros.
Agora, maninha, deixemos essa conversa besta de lado, e passemos ao café. Já é hora! O sol já nasceu. São 5 e 15 da manhã. Minha esperança tem prazo de validade. E não tenho mais tempo a perder. Bom dia!