Não havia Colunismo Social em Rio Claro antes de Marcus Vinicius Amato. Sinônimo de glamour, sucesso e encanto, MV inaugurou no município uma nova forma de retratar a sociedade rio-clarense, destacando as personas, os eventos e, sobretudo, a cultura local. Presença marcante em impressos locais, foi recordista de vendas e difusor de um estilo que ganhou expressão durante os anos 1970 e 1980. Nada mais justo que iniciar esta coluna do suplemento de estreia do ‘Sunday’, com uma entrevista, pois afinal, quem é MV?
** “Um otimista convicto, um guerreiro e contestador ativo, até porque não resta outra alternativa a quem não aprova as mazelas deste País da piada pronta, sem vozes para buscar as soluções que atendam aos anseios da sociedade. Enfim, MV é um cara que se esforçou por toda uma vida para que seu nome fosse lembrado não apenas pelo trabalho, mas por suas atitudes, comportamento e, claro, sua natureza voltada para a construção de dias melhores com pessoas menos egoístas e corruptas. MV: um misto de boas lembranças e saudades de um tempo que não volta mais; culto, elegante e inteligente, sem falsa modéstia e sem exageros, alguém consolidado como o melhor colunista social da História de Rio Claro e referência no jornalismo. Essa entrevista é prova disso… ‘Sorry, periferia’!!!”
** Sobre o ingresso na imprensa, MV disse ter sido algo inusitado. “Foi mais ou menos sem querer, tipo morder um fruto proibido, uma vez que era funcionário da Prefeitura e atuava no Departamento de Educação e Cultura (DEC). Sob o comando da incomparável Professora Dalva Christofoletti Paes da Silva – inicialmente na gestão do extraordinário Dr. Álvaro Perin e, na sequência, do magnânimo Orestes Armando Giovanni –, achava que os principais jornais da época não divulgavam com o destaque que mereciam as atividades do DEC e, por minha conta e risco, passei a redigir aquilo que achava importante ser noticiado. Eu mesmo levava o que redigia às redações no fim do expediente e qual não era a surpresa, na maioria das vezes, via meus textos publicados na íntegra e quase sempre como manchetes de primeira página.”
** A partir daí, o reconhecimento não tardou a bater em sua porta, não é mesmo? “Na realidade, imaginava que estava fazendo alguma coisa útil, mas, ao mesmo tempo proibida, uma vez que ninguém da chefia sabia… Até que em uma bela tarde alguém de um periódico foi à Prefeitura para saber quem era o responsável pelo envio das notas porque precisavam que substituísse imediatamente o editor do jornal e da rádio que, por sua vez, estava impossibilitado de exercer a atividade. Procura daqui, procura dali e pimba: descobriram que era um Escriturário, um tal de MARCUS VINICIUS. Fiquei apavorado achando que seria despedido, repreendido, suspenso, punido, porém, pelo contrário, iniciei a trilha com a oportunidade inimaginável de substituir o ícone RIBEIRO MANCUSO – o maior nome do jornalismo rio-clarense de todos os tempos. Daí por diante, a partir de 1973, descobri que a minha vocação era íntima com os caminhos da criatividade jornalística e da arte de interferir nos destinos da minha comunidade através da Imprensa.”
* E o Diário do Rio Claro, quando entrou para a sua história? “O DIÁRIO era o principal jornal, já tradicionalíssimo e um dos mais conceituados do Estado de São Paulo e do Interior Paulista. Seu dinamismo era capitaneado pela Família David, a qual pertencia outro grande mestre, o maior incentivador da minha vida profissional e pessoal, Paulo Jodate David. Por suas mãos, tirocínio e visão humana e empresarial, iniciamos a parceria que durou o suficiente para termos laços definitivos de amizade, respeito, carinho, cumplicidade e admiração em um grau que as relações humanas jamais conseguirão definir, contextualizar ou explicar… Jodate é eterno em minha nave-vida!”
* Isso nos anos 1970? “Sim, nos idos de 1975 fui para o poderoso DIÁRIO a fim de agregar dinamismo e novas ideias às suas páginas, principalmente quanto ao que fazer perante os novos rumos do Colunismo Social da época, no qual tinham destaque Nacional Ibrahim Sued, Tavares de Miranda, Giba Um, Alik Kostakis e Vera Martins. Naquele ímpeto de coragem, criatividade, alguma inteligência aliada à competência, exemplos relevantes e, principalmente, convivência profissional com gente do nível do próprio Jodate, Dona Mara David, Dona Cecy David e Cia, demos início à fase áurea do DIÁRIO.”
** O que presumo, foi um sucesso? “Sim, em pouco tempo, acredite: o jornal chegou aos 90% de liderança, segundo pesquisas do IBOPE. Era unanimidade que atravessou fronteiras e viralizou tendências, mas como todo negócio familiar com muitos herdeiros e interesses não comuns, chegou o dia em que os dirigentes não conseguiram mais manter o jornal em suas mãos e a única saída foi vender.”
**E como foi o processo, você participou de alguma forma? “Traumático. A venda foi consolidada, mas foi aí que interferi pessoalmente no sentido de vender o DIÁRIO para quem poderia fechar o negócio com um pouco mais de vantagem para os David. É nesse momento que surge o empresário Geraldo Zanello – à época dono da concessionária Chevrolet Rival –, que acabou comprando e dando início a uma outra forma com a qual divergi e acabei tomando outro rumo. Detalhe para que não fique dúvida: na transação entre a Família David e Zanello não ganhei um centavo de comissão.”
** Algumas décadas depois de tudo isso, muita gente ainda lembra MV quando o assunto é Colunismo Social, sobre o reconhecimento, o entrevistado explica. “O que sei, de verdade, é que a gente desenvolveu e realizou tanta coisa em tantos setores que parece um pouco difícil esquecer, principalmente para quem teve o privilégio de viver aquilo tudo… a intensidade, a repercussão, as intrigas, o destaque, a elegância e a notoriedade. Portanto, repito, se o reconhecimento existe é por parte de quem viveu o período efervescente que saia da cabeça do MV e virava realidade em forma de eventos mágicos, inesquecíveis e inigualáveis como ‘DESTAQUES e ELEGANTES’, ‘OUI de OURO’, ‘AS CERTINHAS de MV’, Concursos de Misses Rio Claro, e por aí vai… Era tudo para reunir a ‘jeunésse dorèe’, o ‘beautiful people’ e o ‘la-créme-de-la-créme-de-la-nata-de-la-mousse’ em um eclético coquetel de bom gosto sob o manto de um universo fictício de ‘high society’. Na época, não ler as colunas de MV era o mesmo que desconhecer Rio Claro, seus fatos e a sua gente.”
** Acerca de sua ausência no Colunismo Social, justifica: “Estou morando e vivendo desde 2005 em Goiânia, uma cidade acolhedora, pujante e efervescente com mais de 1,5 milhão de habitantes que completa 85 anos em outubro e na qual continuo, Graças a Deus, em plena atividade profissional. Ligado e focado na área imobiliária, atuo nos segmentos de Consultoria, Assessoria, Parceria e Corretagem Imobiliária, participando de um mercado que o Brasil inteiro – principalmente os Paulistas – vem investindo agressivamente. Além disso, tenho vivido também para Anita – a companheira, parceira, amiga e amada-amante definitiva.
** A pergunta que não quer calar. “Voltar ao colunismo? Não sei se me adaptaria aos novos tempos dessa fantástica revolução tecnológica com tudo acontecendo em tempo real, tão rápido que uma notícia em primeira mão tem possibilidade de ficar de segunda mão em minutos…”
** Você acha que algum colunista da Cidade Azul marcará a História como MV e o que acha que falta para o atual Colunismo Social? “Tenho absoluta certeza que sim, até porque seus nomes ficarão gravados como o meu nas páginas de cada veículo, agora se serão lembrados ou reconhecidos, aí é outra história… Já a resposta para a outra questão me perturba por ser de uma complexidade monumental aliada à um ingenuidade temporal: não seria melhor indagar o que falta à sociedade local e seus colunáveis, gestores, empreendedores e editores para permitir que seja sentida a falta de alguma coisa ao colunismo local?!?”
** A sociedade mudou? “É evidente que sim. Essa percepção – tão clara como a luz –, fica por conta da cultura de época, das posturas, atitudes, usos, costumes e ebulição de um tempo onde haviam diferenças, ídolos, motivos e formas de fazer e acontecer. As pessoas e os lugares da moda eram concorridos, disputados e prestigiados. Atualmente, parece que todo mundo quer ficar feio, igual, insensível ao belo e ao ir e vir com mais glamour. Porém, particularmente, mesmo tendo vivido as décadas mais interessantes e badaladas da História Contemporânea – os anos 70, 80 e 90 – O MEU TEMPO CONTINUA SENDO HOJE…”
** O mundo encaretou demais nos últimos anos e existe uma patrulha querendo cercear a liberdade de expressão. Seria possível fazer as Certinhas do MV sem que o coro da caretice engrossasse de forma contrária? “Não seria possível reeditar as CERTINHAS não por causa da caretice desse pretenso coro idiota, minoritário e indigno até de ser citado, quiçá levado a sério. As próprias garotas inviabilizariam pelas tendências comportamentais dessa era, incabível no contexto daquele projeto bacana que tinha o sentido de valorizar as adolescentes e suas formas maravilhosas, hoje em dia tão desvalorizadas pelos seus novos conceitos. Por isso mesmo, vamos em frente porque atrás vem gente!”
** Para terminar, como enxerga o atual momento no Brasil? “O atual momento do Brasil é, de um lado, muito promissor porque não teremos mais qualquer possibilidade do chefe da quadrilha de PTralhas, o Lularápio, disputar o Pleito. De outro, é lamentável que não surja nova liderança oxigenada por ideias novas e progressistas para vislumbrar alguma coisa melhor. O Brasil é o país da piada pronta! Não vou viver para ver o meu País sério com ordem e progresso. Não queria que fosse assim, mas o que fazer né?!?…”
CARA A CARA COM VIVIAN GUILHERME
RIO CLARO: Passado sem volta
COLUNISMO SOCIAL: A grande experiência, oportunidade e destaque de uma vida
INESQUECÍVEL: As festas dos ‘DESTAQUES, ELEGANTES e ELEGANTINHAS’ e ‘OUIs de OURO’
PARA ESQUECER: Rio Claro
SAUDADE: Meus pais
EXPECTATIVA: Brasil, o País do Presente!
UM LUGAR: Qualquer um, com Anita!
UM MOMENTO: O atual
UM ÍDOLO: Jesus Cristo
UM SONHO POSSÍVEL: Ser o Corretor dos Corretores do segmento imobiliário em Goiânia
UM SONHO IMPOSSÍVEL: Greve dos Eleitores por renovação na Política
UMA FRASE: “É a oportunidade que me move. O sentido que dei à minha vida foi tentar perceber o que vem de novo por aí… Não me preocupo muito com o que já está porque a gente pensa que vai ocorrer o inevitável e acaba encontrando o inesperado”…
UMA COMIDA: Arroz de Frutos do Mar
UMA BEBIDA: Cerveja
UMA PALAVRA QUE O DEFINA: Otimista
PINGA FOGO
MUDARIA DE CALÇADA AO CRUZAR COM: Cachorro bravo
MAL MAIOR: Corrupção
NÃO MERECE O MEU RESPEITO: Mula da Silva – ops! – Lula da Silva
A POLÍTICA É: Por mais incrível que possa parecer, a solução!
NÃO SIMPATIZO, MAS RESPEITO: Eleitor do PT e partidos aliados
NÃO RESPEITO, MAS SIMPATIZO: Marconi Perilo, por quatro mandatos Governador de Goiás