Eu amo os hinos brasileiros, em especial o Hino Nacional e me arrepio sempre que ouço, pois falam do amor que sinto pelo Brasil.
Me lembro, quando criança, que não via a hora de entrar na escola para poder me perfilar antes do início das aulas e cantar como minha irmã.
O recreio era uma festa. Além do Hino a escola colocava, em bom volume, músicas alegres e condizentes com a idade dos alunos. Todos se davam os braços, em filas de cinco ou seis, formando raios que convergiam no centro do pátio e giravam loucamente, em uma alegria genuína e pura, farfalhando os babados dos aventais de algodão em estampa xadrez azul e branco das meninas (que naquela época podiam usar qualquer cor).
Com o tempo foram-se as músicas e os aventais. Quando entrei na escola, já não havia mais nada disso. O progresso chegou galopando na tecnologia e fez regredir nossos valores. Hoje, nem mesmo o Hino Nacional é cantado antes das aulas: crianças e jovens só querem ouvir rap e outros ritmos similares, que pulam em tons altos e dissonantes dessas extensões dos braços a que damos o nome de celular…
Hinos, então, é tão “careta”! Imagina cantar o Hino Nacional nas escolas todos os dias… nem pensar! Mas, na contramão de tudo isso, vivi momentos felizes outro dia, quando, passando próximo à sede da Guarda Mirim, ouvi acordes do Hino Nacional e vozes de adolescentes entusiasmados. Confesso que precisei parar. Fiquei ouvindo os hinos que se seguiram e voltei para casa em prantos.
Choro pela emoção que me proporcionaram com esses hinos. Choro pelos muitos adolescentes que não têm o privilégio de participar de uma corporação valiosa como essa e ter noções de civismo que deveriam estar no cotidiano de todos os estudantes, crianças a adultos.
Choro pela infância dos meus e dos seus netos, que talvez nem saibam a letra de nosso Hino Nacional, o qual, pela ignorância de muitos, já foi cantado em paródias horríveis de humor e protestos, constituindo verdadeiros crimes contra nossos símbolos.
Muitos desconhecem esta demonstração de amor e respeito à Pátria. O costume foi criado em 1936, mas atualmente o Hino Nacional só é cantado em comemorações da Independência do Brasil, em 7 de setembro e durante alguns eventos oficiais esportivos como a Copa do Mundo. Ignoram as leis criadas posteriormente, que determinam a todas as instituições de educação ensinarem seu canto e sua interpretação.
As leis dispõe sobre símbolos nacionais: Bandeira Nacional; Hino Nacional; Armas Nacionais; e o Selo Nacional. Exigem, ainda, que “ninguém” poderá ser admitido no serviço público sem que demonstre conhecimento do Hino Nacional.
Mas ressalto aos mais desavisados que, como um dos símbolos da Pátria, o Hino Nacional não pode ter sua letra ou música alterada. A letra foi composta pelo crítico, professor, ensaísta, poeta e teatrólogo – além de membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) – Joaquim Osório Duque Estrada, em 1909, para a composição musical do maestro Francisco Manoel da Silva.
Com os novos tempos e mudanças que se anunciam, se você está procurando emprego e sabe cantar o Hino Nacional, é bom colocar este diferencial em seu currículo! Se não sabe, é bom aprender…
Nilce consegue sempre um final surpreendente para suas crônicas! Leitura deliciosa.