Diz o ditado popular que a música é o alimento da alma, mas, em Rio Claro, ela tem ajudado a alimentar o corpo. Desde a pandemia, a Orquestra Filarmônica de Rio Claro tem doado tempo e música em troca de alimentos que são doados para o Fundo Social do município. “Nossa missão é servir por meio da música”, resume o presidente da Orquestra, William Nagib Filho.
Apesar de ser uma das áreas mais afetadas pela pandemia, a cultura tem sido também um alento e incentivo para a mobilização popular. “Propomos uma troca onde todos são beneficiados, como uma grande corrente do bem. Acreditamos, de verdade, que se cada um mudar um pouco da realidade à sua volta, alcançaremos um resultado extraordinário.”
Desde março de 2020 já foram realizados três grandes concertos sem a presença de público, respeitando-se todas as normas de saúde e segurança da Organização Mundial de Saúde e órgãos públicos, especialmente as recomendações específicas para orquestras e corais, com separações em acrílicos, uso de máscaras e higienização, além do distanciamento adequado entre músicos e coralistas.
Em 2020, durante as lives, foram arrecadados gêneros e valores em espécie para entidades assistenciais. Além disso, a Orquestra participou do “Outubro Rosa”, com uma live pocket do Mulheres Que Cantam e Encantam.
A orquestra se prepara, agora, para mais uma live solidária, marcada para o dia 3 de abril, com o espetáculo “Mulheres que Cantam e Encantam-Remember”, uma retrospectiva dos 15 anos desse projeto que integra os ativos da Orquestra, sempre com grande aceitação do público. Durante 4 horas serão relembrados os melhores momentos de todas as edições até hoje. “Desta vez o palco será na escadaria da Prefeitura, com um drive-thru para a entrega das doações”.
Desde 2005, quando Nagib reuniu algumas cantoras da cidade para o primeiro espetáculo em comemoração à Semana da Mulher, a arrecadação de alimentos já era o foco desse projeto. “Não cobramos ingresso e arrecadamos alimentos em prol de causas sociais de nossa cidade democratizando o acesso do grande público ao espetáculo musical e, ao mesmo tempo, dando um contexto humanitário ao projeto Mulheres Que Cantam e Encantam”, destaca Nagib Filho.
A democratização da música de orquestra, aliás, é uma das grandes preocupações da Filarmônica, criada em 1995. “O erudito é maravilhoso, é o berço do nosso trabalho, é o berço da música. Mas se eu quiser conectar com mais pessoas precisamos acessar o imaginário também através de todas as vertentes também da música popular. O mundo é riquíssimo em arte musical de diversas culturas. Se nos abrirmos para isso, haverá natural maximização do nosso trabalho e chegaremos a muito mais gente”, explica.
A iniciativa da Orquestra é também um exemplo para que outras cidades e grupos se mobilizem pela ajuda humanitária através da música. “É importante reconhecer que as lives não são exclusividade dos grandes artistas, de modo algum, pode e deve ser usada aí mesmo, na sua cidade”.
As 4 lives da Orquestra Filarmônica de Rio Claro em 2020 foram vistas por mais de 100 mil pessoas, algo totalmente inimaginável para quem estava acostumado a 300 ou 1000 pessoas no máximo nos teatros, clubes e igrejas que recebiam os espetáculos da Filarmônica. “Para nós é uma grande vitória”.
Foto: Giorgi Bastos Fotografias