“A grande questão que nunca foi respondida, e que eu ainda não fui capaz de responder, apesar de 30 anos de pesquisa sobre a alma feminina, é: o que querem as mulheres?”
Uma das mais conhecidas frases de Sigmund Freud, pai da psicanálise, traz nas entrelinhas uma constatação: as mulheres são seres essencialmente desejantes.
Talvez seja o desejo feminino que moveu o homem e fez o mundo desenvolver. Não fossem as mulheres, desejando melhores condições, cobrando mais empenho de seus companheiros, ainda estaríamos em volta de fogueiras e morando em cavernas. Por isso a conversa de que por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher é muito verdadeira.
E tudo tem origem nessa natureza feminina, essencialmente “desejante”. Homens, preferem a ordem unida, o uniforme, o padrão a comparação. Experimente elogiar uma mulher e dizer, por exemplo, que ela é tão linda quanto a Juliana Paes. “Eu, igual aquela lá, não”, vão dizer muitas delas. Agora diga a um homem: “Você é tão inteligente quanto Einstein!”. É o que basta para tocar profundamente a vaidade masculina.
Na base dessa diferença de comportamentos está o desejo sexual e o aparente desencontro entre muitos homens e mulheres pela vida afora.
Mulheres, por não aderirem a padrões, têm sempre muito a escolher e, em decorrência, sofrem pela falta da garantia da escolha. Surge o desarvoramento, sentimento feminino por excelência. Gustave Flaubert traçou esse perfil como ninguém em Madame Bovary, sua obra prima.
O romance conta a história de Emma, uma mulher sonhadora, criada no campo, que aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental. Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles, um médico tão apaixonado pela esposa quanto entediante. E por trás da aparente normaliade da vida de Emma, esconde-se uma mulher romântica e com mil fantasias de amor e sexo, nunca realizadas em seu cotidiano com Charles.
Nosso querido Vinicius de Moraes resume bem a situação, na música Testamento: “Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas”, brinca Vinicius.
Fantasias, sonhos, são formas, através das quais o desejo se expressa, e que constituem a grande riqueza do ser humano. E os homens ainda têm muito, muito a aprender com as mulheres, principalmente nesses nossos tempos em que elas conquistaram espaço em todos os setores.
Saber em que hora devem ser os protetores, em que hora devem ceder a elas o comando é uma arte que o homem ainda está tentando aprender. Mas o mais importante de tudo é saber fazê-las rir e mostrar uma vida com um pouco mais de leveza. Do contrário vai ser sempre esse jogo de tentativa e erro.
E a maior receita para a realização dos desejos femininos é uma só: não há receitas. As possibilidades de escolha e de satisfação são múltiplas. Por isso, homens tem de ser cada vez mais múltiplos, e bem humorados, principalmente.