Ela já ouviu frases que poderiam ter feito desistir da profissão.” Já teve cliente que chegou e perguntou: ‘ah, é você que vai cortar o cabelo?’, pelo fato de ser mulher mesmo”, contou a barbeira Edjane Oliveira.
Isso também não a intimidou e a resposta veio à altura. “Vou cortar seu cabelo e vai ficar tão bom quanto outros profissionais”, relatou.
Pode parecer clichê, mas aquela famosa frase cabe muito bem por aqui. A mulher pode estar onde ela quiser. Edjane Oliveira, de 26 anos, teve visão do mercado e não desperdiçou a oportunidade. Há um ano e meio, decidiu migrar de cabeleireira para a atuação do mercado que continua crescendo. “Eu era cabelereira com três anos de profissão. O barbeiro saiu do estúdio que eu atuava, comecei a perceber que os homens iam mais no salão que a mulher. A minha especialidade é corte. A mulher faz um corte e vai voltar depois de três ou até cinco meses, já eles não, cortam e depois de 15 dias já retornam”, explicou.
A profissão começou mesmo pela necessidade de ter uma renda mais fixa, mas ela garante que se identificou, se apaixonou pela área e nem pensa em parar. Hoje, atua em uma barbearia ao lado de cinco barbeiros. “O preconceito, quando aparece, é mais de cliente questionando a sua capacidade, já os barbeiros apoiam as mulheres e sabem que nós estamos indo tão bem quanto eles. As mulheres estão se destacando, são vistas como cuidadosas e detalhistas. Busco sempre me aperfeiçoar para trazer o melhor”, disse.
Quem pensa que estes estabelecimentos são frequentados apenas pelo sexo masculino, se engana. “As mulheres também buscam o serviço, tenho várias clientes, principalmente para os cortes curtos e undercut feminino, por exemplo, que aposta na nuca raspada. Tem origem inglesa e surgiu em meados dos anos 70, durante o movimento punk. Voltou com tudo em 2011, quando a modelo britânica Alice Dellal desfilou no London Fashion Week com a versão do corte”, relembrou.
A satisfação é ainda maior por atuar em uma área que deixou no passado o paradigma de que apenas eles podiam comandar as navalhas. Ela faz isso, e muito bem. Não há dúvidas quanto aos resultados. “Quando questiono o meu serviço, digo: ‘você vai ser meu cliente, e todos voltam’”, finalizou.