Já em vigor na Islândia desde o início de 2018, lei garante a igualdade de salários entre homens e mulheres.
A legislação, pioneira no mundo sobre o tema, torna ilegal pagar salários mais altos a homens, entre funcionários que exercem funções semelhantes. Os empregadores que descumprem a norma são multados.
No Brasil, ainda não existe legislação específica sobre o assunto, mesmo com comprovada diferença salarial entre os gêneros. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a renda média nacional do brasileiro é de R$ 2.043, mas os homens continuam recebendo mais. Enquanto eles ganham, em média, R$ 2.251, elas recebem R$ 1.762 (diferença de R$ 489).
O Centenário ouviu mulheres de diferentes setores que comentaram sobre o assunto, mas todas concordaram que os salários deveriam ser iguais tanto para homens quanto para mulheres. Elas confirmaram que existe diferença salarial entre os sexos.
Para a técnica de enfermagem Savina Souza, a diferença salarial existe para desmotivar a mulher a trabalhar fora de casa. “Como é ela quem engravida e precisa de licença maternidade, é um longo período sem produzir, gerando custo para a empresa, e algumas empresas não estão dipostas a arcar”, frisa.
A maquiadora Gisele Santos também crê que a mulher deveria receber o mesmo que o homem. “A mulher ainda é discriminada por ser mulher, uma mentalidade antiga de ser inferior. Outro motivo é por engravidar e precisar ficar de licença maternidade. Uma amiga foi mandada embora por estar grávida e ela processou a empresa”, analisa. Ela conta que perdeu diversas vagas de trabalho somente pelo fato de ser mulher. “Em uma ocasião, deram a vaga para um homem que nem tinha se formado ainda”, lembra.
A estudante Letícia Machado destaca que o atual modelo dá continuidade à ideia conservadora de que mulheres são intelectualmente inferiores que os homens. “Na verdade, o que realmente influencia na qualidade de um trabalho são fatores que não têm relação alguma com o gênero sexual de um indivíduo, como uma boa qualificação universitária, mais tempo de experiência na área, maior desenvolvimento interpessoal, entre outros”, completa.
Já a estudante Fernanda Saúde Lopes, que busca qualificação por meio do mestrado, reforçou que acredita na igualdade salarial e também na oportunidade igual de emprego e promoções para mulheres. Para ela, o fato da sociedade ter se fundamentado no modelo patriarcal ajuda nessa perpetuação de pensamento. “A diferença se deve à sociedade ser construída sobre valores machistas, misóginos e patriarcais, com muitos exemplos e casos de repressão e diminuição das mulheres ao longo da história”, finaliza.