Uma mulher, de 53 anos, recebeu, na manhã de ontem (18), voz de prisão pela Polícia Civil da 2ª DP, em Rio Claro, por prática de discriminação racial a uma mãe e um filho, ambos pessoas negras. Segundo o Boletim de Ocorrência, emitido às 10h38, a mulher teria proferido ofensa e gesto de cunho racista na presença dos agentes, dentro das dependências policiais. A mesma foi indiciada e recolhida à carceragem local e, além do crime de racismo, também responderá pelos atos de lesão corporal e perseguição às vítimas.
O COMEÇO
Tudo começou na madrugada de ontem, por volta das 4h, no bairro da Vila Paulista, quando a indiciada teria alegado que a vizinha, uma mulher negra, de 48 anos, quebrou “algumas de suas telhas”. Segundo o histórico do boletim, enquanto a mulher fazia essas alegações, a mesma proferia xingamentos de cunho racista como “macaca, gorila, saci e beiçuda”. A vítima relatou à Polícia que as ofensas e ameaças continuaram até as 7h30 da manhã do mesmo dia, quando saiu para trabalhar.
Ao sair de casa, deu de encontro com a indiciada, que além de continuar com as mesmas ofensas, também lesionou o corpo da vítima e mordeu-lhe a coxa direita, segundo consta o histórico. A briga se deu até a chegada do marido da vítima, que segundo testemunhou, conseguiu tirar a indiciada de cima da companheira.
NA DELEGACIA
Ao chegar na delegacia com o marido, a vítima relatou aos policiais, em Boletim de Ocorrência, tudo o que lhe ocorrera. Inclusive, que não era a primeira vez que a vizinha, indiciada pelo crime, a ofendia com xingamentos racistas.
“A vítima narrou que todos os dias sofre racismo por parte da acusada. Que a indiciada a persegue em vários lugares e que por várias vezes já encontrou cascas de banana jogadas no seu quintal”, consta o boletim. Ainda de acordo com o boletim, a vítima também possui um filho, a quem a indiciada também xingava pelo fato do menino ser negro.
Munidos das informações, os agentes foram até a casa da então acusada, com condução da Polícia Civil. Mas ao chegar no local, não encontraram ninguém.
RACISMO
Foi quando na volta à Delegacia, a então acusada presenciava no local. Segundo o boletim, “[os policiais] ao se aproximarem dela, ela proferiu as seguintes palavras: ‘eles estavam em cima da minha casa, esses macacos…’, esfregando a mão no antebraço em evidente gesto racista”.
Ainda de acordo com o documento, a acusada recebeu voz de prisão de prisão em flagrante pela autoridade policial, pelos crimes de “Praticar discriminação ou preconceito de raça (artigo 20 da lei 7.716/1989), Perseguição (artigo 147-A do Código Penal) e Lesão corporal (artigo 129, caput, do Código Penal)”. Entretanto, no fim da tarde de ontem (18), a acusada recebeu a liberdade provisória mediante medida cautelar, respondendo em liberdade.
Por Samuel Chagas / Foto: Divulgação