Rio Claro comemorava 194 anos de idade quando Ivan Lins entrou em ação. Acompanhado de competente banda e da Orquestra Filarmônica da cidade, o palco era o Claretiano, e o mundo online.
Violinos, violas, contrabaixo, oboé, flautas, clarinetes…a música arrepiou a lua, em uma noite serena, histórica. Noite que contou com ilustres presenças, como a do cantor pernambucano Otto. Pude assistir ao concerto de perto, seguindo os protocolos de segurança diante da Covid. Devo confessar que a expansão de consciência ali proporcionada, e sua profusão continham sementes sobremaneira românticas, e agraciado da companhia de Stephanie Guardia, todas entrelinhas fizeram sentido. Assim, Ivan Lins, abriu o show com “Ai Ai Ai Ai Ai”. Na sequência, “Quero falar de amor”. Os técnicos de som, extremamente competentes, desenhavam a dança do sublime, quando “Começar de novo” e “Depois dos Temporais” logo florescem uma generalizada comoção. Ah, mas o ponto alto seria o hino humanista “Bandeira do Divino” …
Artista consagrado, aos 76 anos – em plena forma, em pleno vigor -, o carismático e elegante Ivan Lins continuou a iluminar os corações. Ressaltou a riqueza diversificada da música brasileira e do homem da roça, do homem do campo. E a vitalidade lírica era tamanha que, hipnotizados, fomos atravessados por “Lembra de mim” e “Madalena”. Generoso, o compositor convoca então ao palco o músico Gustavo Spínola. De camarote Ivan assistiria o talentoso cantor exibir a excelente canção “Voa”. Mais aplausos. Enquanto o drone risca o céu, e os lares degustam agraciados a leveza de “Iluminados”, “Vitoriosa”, a simpatia mostra-se como tônica. Ivan ressalta a importância da educação, dos professores, verdadeiros heróis. Empatia como ênfase, reverberada empatia por cada poro da aniversariante Rio Claro.
Em tempo real as letras do compositor eram interpretadas em LIBRAS, tamanho o esmero da produção, vejam só. E como sozinho ninguém faz nada, “Depende de nós” reluzente despontou. Afinal, “A gente merece ser feliz”. E se o calo apertar, que respiremos fundo sempre porquê “Desesperar, jamais”. Ah, o poder da música… “sem ela, o mundo se acaba.”
Em tempos de esvaziamento cultural, guerras egóicas e obscurantismo, “Novo Tempo” fecharia o concerto, deixando o público extasiado. “Novo Tempo” enquadraria o resgate da fé, pelos escombros da alma, desperta o vigor da arte emanada, a força da simplicidade. Das pequenas coisas. Dos pequenos detalhes que nos apetecem, que nos tornam felizes. Em suma, como bem disse o poeta e mestre Ivan Lins, “a simplicidade comove, entra rápido dentro da alma”. Muito obrigado, Ivan. Que concerto, que noite! Feliz aniversário, Cidade Azul!