“Ao primeiro sinal de mudança de temperatura, meu nariz começa a coçar”, o relato é da professora aposentada Gleisi Kruker Mosele, de 74 anos, que mora em Caxias, no Rio Grande do Sul.
“Por aqui, o clima é geralmente agradável, mas de maio a agosto, esfria bastante. Em alguns dias as temperaturas chegam perto do 0 grau nas primeiras horas da manhã e eu já aprendi a lição: tiro do armário a minha bolsa de água quente pra manter o corpo aquecido, reforço o agasalho, capricho no chá e em bebidas mais quentes.” A declaração da gaúcha, que há anos vive uma rotina de adaptações às mudanças climáticas, e se soma às queixas de tantos outros pacientes que buscam por atendimentos médicos país afora para tratar as doenças típicas desta fase do ano.
“Gripes e resfriados são os mais comuns, mas na lista das doenças respiratórias que se agravam nos meses mais frios tem ainda a sinusite, rinite, asma, pneumonia e otite”, destacou o médico infectologista do Grupo Sabin, Dr. Alexandre Cunha.
O médico destacou que isso acontece porque as quedas de temperatura deixam o ar mais seco favorecendo a circulação de vírus e bactérias “e como as pessoas tendem a ficar mais tempo em ambientes fechados, elas acabam se expondo mais aos riscos de contágio”, explica. Além disso, deu detalhes sobre a parcela da população que costuma sofrer mais com as mudanças no termômetro. “Idosos e crianças apresentam mais chances de sofrer com estas doenças, porque elas têm sistemas respiratório e imunológico mais fragilizados. Para estes, dias frios costumam chegar acompanhados de nariz congestionado, tosse, dores no corpo e febre.”
Outro ponto de atenção destacado pelo infectologista é o calendário vacinal. “A vacina contra a gripe protege contra os diferentes tipos do vírus Influenza e está disponível nas redes pública e privada. Ela ajuda o corpo a desenvolver imunidade contra a gripe e ainda combater complicações como pneumonia e outras doenças do sistema respiratório. Além de ser um aliado de quem quer fugir de unidades de saúde e hospitais – em tempos de Covid-19, qualquer forma de proteção e prevenção contra exposição a lugares com aglomerações deve ser levada em conta”, orientou.
Indicada para crianças a partir dos 6 meses, adultos, idosos, grávidas, pessoas com sistema imune comprometido, portadores de doenças crônicas, por exemplo, a vacina requer aplicação todos os anos porque o vírus que provoca as doenças sofre muitas mutações. “Sendo assim, as vacinas de anos anteriores perdem a eficácia e por isso é necessária uma nova formulação da vacina todos os anos”, esclarece. Outra orientação importante é quanto ao intervalo entre as aplicações da vacina de gripe e Covid-19. De acordo com o infectologista, a recomendação é respeitar o espaço de 14 dias entre as doses. “Pacientes que tomaram as vacinas contra a Covid, que precisam de 2 doses – como é o caso da Pfizer e Coronavac – devem primeiro receber as duas aplicações dessa vacina e só depois a da gripe, respeitando o intervalo de 2 semanas após a 2ª dose. Se o paciente recebeu vacinas que precisam de um intervalo maior entre as doses – como a AstraZeneca – a vacina da gripe pode ser administrada entre as 2 doses, desde que seja respeitado o período de 2 semanas a partir da 1ª dose”, orientou.
Além da vacina, o médico listou outras orientações importantes para enfrentar os vilões da saúde em períodos mais frios:
• Como o vírus causador da gripe costuma circular em ambientes fechados, é essencial manter os espaços ventilados e arejados;
• Nos dias mais frios, os ácaros, aqueles agentes que provocam as alergias respiratórias, se proliferam com mais facilidade, por isso é importante dedicar horas a mais do dia na higienização de tapetes, sofás, pelúcias;
• Se alimentar de forma adequada e investir em uma dieta rica em frutas e verduras, além, é claro de se manter hidratado, bebendo cerca de 2 litros de água por dia;
• Se precisar sair de casa, não deixar para trás máscaras, os casacos e ter em mãos álcool gel sempre;
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