Com o avanço da industrialização de nosso país entre as décadas de 60 a 80, além do acúmulo de outros fatores como, a falta de incentivos governamentais destinados a produção, e os baixos preços pagos pelos produtos agrícolas, milhões de brasileiros foram incentivados ao êxodo rural (fenômeno de migração caracterizada pelo deslocamento de uma população da zona rural em direção às cidades).
Uma ilusão para muitas famílias que migraram para os grandes centros urbanos a procura de uma vida melhor e se depararam com outra realidade, muito diferente daquela que eles haviam sonhado. Muitos venderam suas terras e desfizeram de seus bens para iniciar uma nova etapa em suas vidas.
O resultado mais impactante desse processo foi a exclusão social caracterizada pela acelerada transformação do espaço urbano do país, com sua paisagem de favelas e bairros em que as pessoas vivem em situação de miséria. Formas tradicionais de vida rural e florestal foram destruídas sem que houvesse um esforço real de reintrodução destas populações, gerando as legiões de sem-teto e sem-terra que hoje se organizam e lutam por um espaço onde possam sobreviver dignamente.
Hoje, com a realidade deste mal (Coronavírus) que infectou o planeta, muitas prioridades humanas se desvalorizaram, criando um novo espaço na mente das pessoas em busca não apenas do Cifrão ($), mas a busca por uma qualidade de vida melhor para a sua família, mais simples e saudável.
Assim que a poeira baixar, digo, assim que o índice de contaminação diminuir e as pessoas puderem retornar a sua rotina quase normal, será o início de uma nova etapa na vida de muitas famílias e o surgimento parcial de outro êxodo não conhecido anteriormente, o êxodo urbano (fenômeno de migração caracterizada pelo deslocamento de uma população da zona urbana em direção ao campo e não para cidades de pequeno porte).
A insegurança já trazia medo e fazia parte do cotidiano das pessoas nos centros urbanos, mas a pandemia em que vivemos, transformou o medo em pânico, e trouxe a sensação (termo mais ameno para os superfaturamentos e compras sem licitação) de que muitos se beneficiaram financeiramente com a crise na saúde de todo o planeta, dando margem para o desenvolvimento de outros males.
Uma vida mais segura, alimento natural e com menos química, ar puro, água potável, são alguns itens que o meio rural pode oferecer diretamente às famílias de poder aquisitivo estável, mas para a grande maioria das famílias inclusas na classe média e menos favorecidas esse deslocamento seria a médio e longo prazo, pois dependeriam de uma reforma agrária mais justa e menos politizada, começando pelas terras improdutivas de posse da união.
Reintegrar as famílias no meio rural não seria a solução, mas para muitos, a criação de outro problema, porque sem o apoio de entidades e instituições que financiam os insumos e ferramentas, poucas famílias sobreviveriam até mesmo para o seu próprio sustento.
Com toda essa crise que afetou a economia das principais potências mundiais o agronegócio brasileiro está batendo recordes na produção de grãos e na exportação de carnes, outro fator positivo para o aumento gradativo do fortalecimento da agricultura familiar, porque os pequenos e médios produtores rurais são os responsáveis pela maioria dos alimentos que chegam as nossas mesas.
Façamos nossa parte, dê preferência aos produtores rurais de nossa cidade e região, consumindo sua produção, evitamos o êxodo rural e garantimos uma qualidade de vida melhor para todos nós.