A motorista de ônibus Janaína Stefani Domingues, de 42 anos, seguia o trajeto da linha Jardim Novo/Inocoop normalmente, como faz todos os dias há três anos. Até que uma situação a fez mudar os rumos do destino. Ela e todos os demais passageiros foram parar na UPA da 29, no bairro do Estádio, para prestar socorro a um homem que passou mal dentro do coletivo.
“Os passageiros começaram a gritar, achei estranho, olhei para trás e me disseram o que estava acontecendo. Parei e verifiquei que a situação do passageiro estava bem crítica. Imediatamente liguei para o fiscal da empresa e comuniquei que mudaria o trajeto, ele aprovou e deu todo apoio”, contou.
Era por volta de 11h20 dessa quarta-feira (29). O ônibus estava em trecho da Avenida 17 com a Rua 12, no bairro Consolação, não tão longe da unidade, por isso entendeu que seria mais rápido levá-lo para atendimento.
Neste momento, ela também comunicou os passageiros que seguiriam junto com a motorista para a unidade de saúde. “Eu disse: ‘estou indo socorrer! Se alguém quiser ir junto…’. E, neste momento, todo mundo apoiou. Foi muito importante a compreensão”, disse.
Chegando à UPA, Janaína desceu imediatamente, acionou os profissionais e pegou uma cadeira de rodas para ajudar a conduzir o paciente. “As enfermeiras e o guarda foram e deram todo o suporte, depois eu segui viagem e fui entregar meus passageiros”, relatou.
REPERCUSSÃO
Porém, ao retornar não esperava tanto reconhecimento. “Os passageiros começaram a gritar meu nome, aplaudir e diziam: ‘viva Janaina’. Eu chorei e fiquei muito emocionada. Eu fiz o bem sem olhar a quem, não imaginava que iria dar tanta repercussão”, relatou, emocionada.
Uma postagem em rede social também repercutiu e rendeu centenas de comentários e elogios pela ação de Janaina. “Eu não conheço a pessoa que fez a postagem, gostaria de agradecer. Eu achei normal”, contou.
Janaína, que atua como motorista de ônibus há 7 anos, disse que o amor pela profissão é de família: o pai foi motorista de caminhão e de ônibus, assim como o marido dela.
“Meu marido faz a mesma linha, nos encontramos no caminho, só dei sinal que estava indo para a UPA. Ele chegou na estação e ficou sabendo o que tinha acontecido. Eu só fui saber da repercussão em meu horário de almoço, quando meu chefe me mostrou”, disse a motorista, preocupada ainda com o paciente, que é seu passageiro diário. “Espero que esteja bem, fiz o que tinha que fazer, é um ser humano”, observou.
O Diário do Rio Claro entrou em contato com o paciente Marcos Roberto Moreira, de 47 anos. Ele foi atendido e já estava em casa, também emocionado com a atitude da motorista. “Quem não se comove? Eu até arrepio cada vez que escuto o que ela fez, só tenho a agradecer”, declarou. Segundo ele, tinha acabado de sair do Centro e seguia para casa. Ele sofre com crises de convulsão, porém, por falta de medicamento na rede pública, não tem tomado a dosagem todos os dias.